"Voto secreto é conquista da democracia", diz Renan
Enquanto o líder do governo Romero Jucá (PMDB-RR) tentava salvar o acordo para desobstruir a pauta, em troca da aprovação de projetos que instituem a sessão aberta para votação de processos de cassação de mandato, na contramão o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se posicionou abertamente a favor da manutenção do voto secreto. Ele se referia ao projeto de resolução em discussão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que estabelece o fim da sessão secreta com manutenção do voto secreto em casos de discussão de perda de mandato.
Perguntado se era favorável ao fim do voto e da sessão secretos, ele não titubeou e disse que isso foi uma conquista democrática. "Não sou. O voto secreto foi uma conquista da democracia. Existe para proteger as pessoas da pressão do poder político, do poder econômico e de setores da própria mídia. O voto secreto existe para isso, senão as pessoas votarão pressionadas. O voto aberto tem sentido em algumas votações, em outras, não. Imagina o que significa o voto aberto para apreciação de veto. O que o poder político não vai fazer com relação a pressão para que a pessoa vote de determinada maneira", respondeu Renan.
Indagado sobre a adoção do voto aberto para os casos específicos de cassação de mandato, Renan disse que não entraria na discussão. "Eu sou apenas um senador que preside o Senado, que conduz o Senado e que vota em algumas circunstâncias e em outras, não. Eu só voto se houver empate. De modo que tudo tem que ser decidido coletivamente, em associação, pelos membros do Senado", disse.
Brasília O Palácio do Planalto vai ter que contornar uma rebelião na bancada do PMDB no Senado para conseguir aprovar, em tempo hábil, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que prorroga a CPMF até o ano de 2011. Um grupo de senadores peemedebistas se reuniu na noite de ontem com o líder do partido na Casa, Valdir Raupp (RO), para se queixar do tratamento do governo federal com o partido.
A reportagem apurou que dez dos 19 senadores peemedebistas participaram da reunião. Os parlamentares reclamaram que o governo não vem atendendo os pedidos de liberação de verbas e indicações para cargos no Executivo. Além disso, criticaram o senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado a quem acusam de tomar decisões em nome da bancada sem consultar os seus integrantes.
"Não podemos ser colocados na condição de manada. A própria bancada estava atropelando todo mundo. O senador Jucá não falou sobre um acordo para desobstruir a pauta. Temos que agir como bancada, e não como apêndice da liderança", reclamou o senador Valter Pereira (PMDB-MS).
Alguns peemedebistas estão dispostos a dificultar a tramitação da CPMF no Senado caso o governo não revise sua relação com o partido. "Vamos querer discutir a CPMF", adiantou Pereira.
Raupp admite a rebelião no PMDB do Senado, mas acredita numa reconciliação do governo com a bancada até o início da tramitação da CPMF na Casa. "É bom que isso esteja acontecendo antes do projeto que prorroga a CPMF chegar ao Senado. Eu adverti o Palácio do Planalto de que vem aumentando o foco de insatisfação do PMDB na Casa", afirmou.
Segundo Raupp, o governo tirou a relação com o PMDB do Senado de seu foco desde que as primeiras denúncias contra Renan vieram à tona. O líder peemedebista disse que a CPMF poderá "agravar mais um pouco" o clima de instabilidade na base aliada, mas acredita que todas as "pendências" serão resolvidas para aprovar a prorrogação da contribuição.
O Palácio do Planalto já teve que conter uma rebelião do PMDB na Câmara para evitar que o projeto de prorrogação da CPMF seja derrotado na votação em segundo turno no plenário. Para conter os ânimos na base aliada, o governo reuniu na terça-feira a cúpula do PMDB para uma conversa, na qual, segundo peemedebistas, ficou acertado que as reivindicações da sigla serão atendidas.
Os deputados do PMDB reclamaram da nomeação de dois petistas para a Petrobrás. Os peemedebistas ficaram irritados com o fato de Maria das Graças Foster e José Eduardo Dutra terem sido indicados para a estatal na sexta-feira, enquanto o pleito do partido de ficar com a diretoria internacional da empresa continua engavetado.
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