Policiais militares de São Paulo são suspeitos de mais um caso grave de agressão. Desta vez, a vítima é um comerciante, bacharel em direito.
Os PMs começaram a prestar depoimentos na quinta, depois que o Jornal Nacional mostrou o caso da tortura e morte de outro rapaz. Quem conta é o repórter César Tralli.
Um tenente, um sargento e nove cabos e soldados foram tirados do quartel e levados para a corregedoria da PM. Eles são suspeitos de tortura e assassinato.
A vítima: Eduardo dos Santos, 30 anos, motoboy, preso durante uma discussão na rua e levado ao quartel, com mais três rapazes, agora, testemunhas contra os PMs.
"Eles batiam no estômago, na cabeça, o chutavam muito", disse um rapaz, sem se identificar.
Em depoimento, os PMs disseram que separaram Eduardo dos outros no quartel porque ele estava exaltado. Liberaram Eduardo por último para que não houvesse briga entre o grupo. Encontraram o corpo de Eduardo na rua e negaram que ele tenha sido torturado e morto no quartel.
Mas os PMs não conseguiram explicar por que levaram os presos para o quartel e não para a delegacia, como manda a lei. "É um fato isolado e não admitimos esse tipo de situação na nossa instituição", disse o major Zychan, da Polícia Militar.
No domingo passado, nove dias depois da morte de Eduardo, outro jovem foi trazido para o mesmo quartel na Zona Norte de São Paulo. Ele conta que começou a ser espancado no meio da rua, quando se envolveu num acidente de trânsito.
O acidente foi numa avenida, entre um ônibus e o carro que o jovem dirigia. A polícia foi chamada: "O policial já me empurrou e já veio me agredindo. Eu revidei. Aí nós nos atracamos, aí veio outro policial, me deu uma gravata, me algemou. Aí eles começaram a me bater e colocaram dentro da viatura. Chegando no batalhão, eu, algemado, já desci tomando soco, chute, tapa no rosto, me pisotearam, me arrastaram. Aí ele deu um chute na minha nuca e eu bati na grade, que rasgou, cortou. Colocou a pistola no meu rosto e falou: Você vai morrer agora. Eu estimo que uns dez policiais bateram em mim".
"Eu vejo essa situação hoje como um crime de tortura, cárcere privado, lesão corporal e, na verdade, não aconteceu coisa pior porque a família chegou no momento da situação", contou Adriana Pacheco de Lima, advogada da vítima.
Informada sobre o novo caso, a PM respondeu. "Tenha a certeza que será rigorosamente apurado. E se esse acontecimento for verdade, certamente será utilizado, como sempre é, o rigor da lei", afirmou o major Nagy, da Polícia Militar.
A vítima diz que está decidida a depor em detalhes. "Quando eu estava chegando lá no batalhão, não sei se ele era major, se era capitão, ele falou assim: Eu não vou ficar aqui pra ver isso aí. Aí ele foi embora e foi pancadaria pra todo lado".
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