Uma operação da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Secretaria da Segurança Pública do Paraná prendeu na madrugada desse sábado (20) três policiais militares acusados de chacinas e de praticar achaques a traficantes. Outros dois militares indiciados se apresentaram no início da tarde. Todos os suspeitos são do 13.º Batalhão da PM.
"São bandidos infiltrados na polícia, que queremos limar dos nossos quadros. Até o fim deste ano vamos passar uma régua em todos esses casos que envolvem policiais", afirmou o recém-empossado secretário da Segurança, Fernando Francischini.
Os soldados presos são Patrik Alves Pereira, Eleozir José da Silva e Michel Alves Diel. Já o sargento Silvestre de Oliveira Lopes e o soldado Alisson dos Santos Cszulik se apresentaram ao próprio regimento onde atuam, e de lá seriam encaminhados, segundo informações da assessoria da PM.
Os cinco policiais são acusados de cobrar propina de traficantes que atuam na cidade. Esses policiais são conhecidos como "pedageiros" (derivação da palavra pedágio). Eles também são acusados como responsáveis por até 11 mortes. Entre elas, cinco mortes cometidas em uma chacina no Xaxim, no último dia 31 de maio, e dois assassinatos isolados um no Pinheiro, que vitimou Anderson Marques Colaço, e outro no Alto Boqueirão, contra Tiago Rocha, 25. A polícia ainda suspeita que eles também estejam envolvidos na chacina no Sítio Cercado, em junho. Na ocasião, quatro pessoas foram mortas.
A investigação policial ligou as mortes, por um exame de balística, a uma única pistola calibre .380. Segundo a polícia, o laudo comprovou que essa mesma arma foi utilizada em sete das 11 mortes. Laudos ainda irão concluir se ela também está ligada à chacina do Sítio Cercado.
O subcomandante-geral da PM, Nerino Mariano Brito, explicou que os policiais acusados são antigos na corporação, com até dez anos de serviços prestados. Dos cinco, um estava afastado por motivos psiquiátricos, três estavam em atividades administrativas, e apenas um estava trabalhando nas ruas.
"Vamos fazer um grande trabalho com uma junta médica para reavaliar todos os que estão afastados por problemas psiquiátricos", afirmou o secretário Franscichini. Segundo ele, policiais estariam utilizando de laudos falsos para postergar possíveis punições.
Outro lado
A Polícia não divulgou se todos os policiais têm advogados constituídos. Mas dois deles, os soldados Alisson dos Santos Cszulik e Michel Alves Diel são defendidos pelo advogado Cláudio Dalledone.
O advogado disse ter recebido com surpresa as prisões decretadas contra seus clientes. "Somente poderia emitir uma opinião técnica quando tiver acesso aos laudos. Mas vale registrar que estamos falando de prisões temporárias, que são realizadas para aprofundar investigações. Então, ninguém pode emitir juízo de valor neste momento", afirmou.
Já o advogado do sargento Silvestre de Oliveira Lopes, Eduardo Mileo, reclamou da forma como a acusação trabalhou para conseguir os mandados. "Pelo que sei, a Justiça expediu esses mandados no dia 7. Eles seguraram até hoje, já após o término do calendário, forense para dificultar o acesso da defesa aos autos. Foi um subterfúgio imoral".
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