A Polícia Militar afastou ontem dois policiais que atiraram contra um carro na noite de domingo em Curitiba e deixaram o motorista, Paulo Roberto Stricker, 33 anos, gravemente ferido. Stricker foi baleado nas costas, em um engano dos dois policiais, que pensavam se tratar de um veículo roubado, e até o final da tarde de ontem permanecia internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital do Trabalhador. No carro também estavam a mulher dele, a filha de 16 anos e o filho de 8 meses.
Segundo o comandante do Policiamento da Capital, coronel Jorge Costa Filho, por volta das 23 horas de domingo dois jovens que tiveram o carro furtado um Fiesta Branco, com placas com prefixo AKM passavam informações aos policiais do 12º Batalhão da PM, no Parolin. No momento em que eram ouvidos, passou por eles um veículo com características semelhantes.
Os policiais entraram na viatura e perseguiram o veículo. O Fiesta teria estacionado na Rua 24 de Maio e arrancado no momento da abordagem. Em nova perseguição, os policiais atiraram. De acordo com Costa Filho, pelo menos oito tiros foram dados. Um dos disparos atingiu as costas de Paulo, que, segundo familiares voltava com a família da casa da sogra. A PM ainda não sabe por qual motivo o condutor do Fiesta fugiu dos policiais. "De qualquer forma, nada justifica os policiais terem atirado", avaliou o coronel.
A mulher de Paulo, Juliana John, disse que a família pensou que estava sendo perseguida por assaltantes. "Vimos uma luz alta e um carro em alta velocidade. Se estivesse com o giroflex ligado e com a sirene, nós tínhamos parado. Pensamos que eram bandidos, que íamos ser assaltados", afirmou em entrevista ao telejornal ParanáTV 2.ª Edição, da RPC TV. "Deviam ter parado e pedido os documentos e não começar atirando desse jeito."
O veículo roubado acabou recuperado pela polícia na noite de domingo e conduzido para a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos. Os ladrões não foram localizados.
Segundo Costa, um dos policiais afastados tem 15 anos de corporação e o outro, dois. A Polícia instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar as responsabilidades dos dois. As armas usadas na operação foram apreendidas e vão passar por perícias. Durante a realização do inquérito policial, eles vão cumprir funções administrativas. A investigação vai ser acompanhada pelo Ministério Público e tem 60 dias para ser concluída. Dependendo dos resultados, o inquérito pode resultar na expulsão da dupla da corporação. Eles ainda podem responder criminalmente por tentativa de homicídio.
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