O plano inicial do grupo de policiais militares (PMs) do Rio de Janeiro que executou a juíza Patrícia Acioli era contar com o apoio de milicianos na emboscada, disse nesta quarta-feira (9) o inspetor da Divisão de Homicídios da Polícia Civil José Carlos Guimarães, ao depor na audiência de instrução do processo na 3ª Vara Criminal de Niterói, onde ocorreu o assassinato. Onze PMs entre eles o ex-comandante do Batalhão da PM de São Gonçalo, o coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira são acusados de envolvimento no crime. Patrícia Acioli era juíza da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio. Conhecida por condenar policiais militares envolvidos em assassinatos e outros crimes, como associação a milícias (organizações que reúnem policiais da ativa, ex-policiais e criminosos comuns), ela foi morta a tiros na madrugada de 12 de agosto deste ano, quando chegava em sua casa, em Niterói. Segundo o inspetor, o tenente da PM Daniel Santos Benitez, acusado de ser o executor da morte da juíza, chegou a encomendar o crime a dois milicianos do Morro São José Operário, na Praça Seca, em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio. Em troca, eles receberiam o espólio mensal drogas, armas e dinheiro apreendidos em operações policiais e desviados para o Batalhão de São Gonçalo, sem serem apresentados à Polícia Civil para registro .
Plano "Eles [acusados] traçaram um plano e trariam milicianos para matar a juíza. Então, eles abririam mão do espólio durante um mês para pagar os milicianos que matariam a juíza", disse Guimarães. Ainda de acordo com o inspetor, o coronel Cláudio Luiz - na época do crime ele comandava o Batalhão de São Gonçalo - era "querido entre os milicianos" do Morro São José Operário. Além disso, assinalou Guimarães, Daniel Benitez era muito ligado ao coronel. "Durante a investigação, descobrimos que o tenente Benitez tinha o coronel Cláudio Oliveira como ídolo e era protegido por ele." Guimarães disse ainda que o plano não foi bem-sucedido porque houve perda de contato com o grupo miliciano e também pela pressão dos demais policiais militares, principalmente depois que dois deles tiveram a prisão decretada pela juíza. A audiência ocorreu em clima de tranquilidade. Um forte esquema de segurança foi montado no Fórum de Niterói. Todos os acusados estavam na audiência - entre eles, Cláudio Luiz e Daniel Benitez. Até o dia 18 são aguardados os depoimentos de 130 testemunhas de defesa e 14 de acusação, além do interrogatório dos réus.