Rio Dois policiais militares foram assassinados com tiros de fuzil e pistola no início da manhã de ontem, na frente do posto policial instalado em um dos acessos ao Morro do Andaraí, no Grajaú, zona norte do Rio. A cabine é blindada, mas os PMs estavam do lado de fora. Eles chegaram às 7 horas, quando houve a troca de plantão, e varriam a rua quando foram atacados, segundo relatos. O cabo Leonardo Peterson de Freitas morreu no local e o terceiro sargento Marco Aurélio Alves ainda conseguiu correr para dentro do posto e tentou reagir, mas foi atingido na cabeça por dois tiros. Socorrido, ele morreu a caminho do Hospital do Andaraí.
Duas horas e meia após o ataque, a cúpula da Polícia Militar (PM) foi à favela. O comandante-geral da PM, coronel Ubiratan Ângelo, disse que a ação possivelmente ocorreu em represália à operação policial que era realizada no morro desde a noite de quarta-feira. Um acusado foi preso e outro morreu em suposto confronto, no fim da madrugada desta madrugada. Ubiratan comparou as execuções ao ataque a dois policiais, em maio, que resultou na ocupação do complexo de favelas do Alemão, na zona norte, mantida até hoje.
Segundo testemunhas, eram cerca de 30 criminosos, que se dividiram em dois grupos. Uma parte desceu por uma escadaria que fica ao lado da cabine da polícia, e outra pela Rua Caçapava, um dos acessos ao morro. Após o ataque, dezesseis cápsulas de fuzil e pistola foram recolhidas. Na porta da cabine ficou uma poça de sangue. Somente às 11h30, quando chegaram os peritos da Polícia Civil, a área foi isolada. As armas dos policiais não foram roubadas.
Além da possível represália que teria resultado na emboscada, outra hipótese levantada pelo comandante do 6.º Batalhão da PM, tenente-coronel Roberto Alves de Lima, foi a de traficantes de outra favela que estão escondidos no Andaraí terem fugido por causa da operação. Sem conhecer o morro, teriam deparado com os policiais. Os criminosos, segundo ele, seriam da Favela do Arará na zona norte, onde o trem em que viajavam os ministros das Cidades, Márcio Fortes, e dos Portos, Pedro Brito, foi atacado a tiros, em setembro. "Há uma guerra interna. Eles chegaram há um mês e meio e são da mesma facção (Comando Vermelho)", disse.
Recompensa
O Clube de Cabos e Soldados da PM ofereceu recompensa de R$ 5 mil por informações que levem à prisão dos assassinos. Na manhã de ontem, uma jovem que seria namorada do chefe do tráfico no Andaraí, conhecido como Gílson, foi detida. O cabo trabalhava no posto havia cinco anos. Há seis meses, um tiro que teria sido direcionado à cabine atingiu uma criança na perna. O comandante-geral disse que manterá a ocupação da favela por tempo indeterminado. Segundo ele, a cabine continuará funcionando.
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