Depois de ter cancelado a abertura de vagas em 2016 em Engenharia na USP Leste, a Escola Politécnica informa que pretende reprojetar a presença da escola na unidade da zona leste da capital paulista. A direção da Poli informou em nota que há um grupo de trabalho envolvido nisso e que a parte acadêmica desse projeto já está estruturada.
Ainda não há informações sobre quais cursos deverão ser oferecidos na USP Leste. Também não há um prazo para que as vagas apareçam novamente no vestibular. No texto divulgado, a Poli só será possível dar andamento ao projeto depois que as que as questões ambientais da USP Leste forem resolvidas.
“Gostaríamos de ter a Poli funcionando na Zona Leste em dois anos, contados a partir da liberação da área para construção dos prédios, já que sem eles não há como haver aulas”, diz em nota o professor Mauro Zilbovicius, do Departamento da Engenharia de Produção da Poli. Zilbovicius coordenando o grupo.
Como o jornal O Estado de S.Paulo informou no dia 5 de agosto, o curso de Engenharia da Computação com ênfase em Sistemas Corporativos, oferecido a partir de 2014 na USP Leste, foi encerrado e as vagas, redistribuídas para outras carreiras oferecidas na Cidade Universitária, na zona oeste.
A direção da USP Leste, que abriga a Escola de Artes, ciências e Humanidades (EACH), informou no início do mês que não participou da decisão que cancelou o curso, mas defendeu que a unidade tem capacidade de abrigar as aulas de Engenharia. “Caso a Escola Politécnica viesse com o seu curso para a nossa unidade, disporíamos de espaços para que o curso pudesse ter seu andamento até que fosse construído o seu espaço físico próprio dentro do campus USP Leste”, informou na ocasião a direção da EACH.
Por causa de problemas ambientais, o câmpus foi interditado no primeiro semestre de 2014, quando a primeira turma de Engenharia ingressou pelo vestibular. As aulas acabaram sendo dadas na Cidade Universitária e, após a desinterdição, no meio do ano passado, o curso permaneceu na Poli. No vestibular deste ano, a carreira continuava prevista para a USP Leste. Já no manual do candidato da Fuvest de 2016, ela nem aparece.
A oferta de um curso público e gratuito de Engenharia na região mais populosa da cidade é uma luta histórica da zona leste. Quando o câmpus foi inaugurada, em 2005, não houve a inserção de cursos tradicionais. Na época, as faculdades não quiseram levar cursos para a unidade e a gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi criticada por acelerar a inauguração por causa das eleições de 2006.
Em 2011, já havia surgido uma proposta de transferir o curso de Engenharia da Computação da Poli para a zona leste. O Departamento de Computação e Sistemas Digitais da Poli, entretanto, não aceitou a sugestão. O curso que foi ofertado a partir de 2014 tinha ênfase específica em Sistemas Corporativos.
O atual diretor da Poli, José Roberto Castilho Piqueira, informou, em nota encaminhada à redação no dia 7 de agosto, que o curso na USP Leste foi criado na gestão anterior, do José Roberto Cardoso, “confiando na administração reitoral da época”. “Deve-se ressaltar que, entre os 100 ingressantes nos dois anos, apenas um era morador da Zona Leste de São Paulo e a procura pelo curso era baixíssima”, afirmou Piqueira.
Segundo a Poli, a nova formatação da Poli na zona leste está sendo discutida com representantes da região. “Haverá uma Poli de primeira categoria na USP Leste, nos moldes do que fizemos na Poli-Santos. Isso não é um compromisso meu, pessoal, mas um compromisso da Diretoria da Poli”, disse ele, em nota divulgada pela assessoria de imprensa. A unidade está promovendo a cursinho pré-vestibular com 60 vagas, oferecido na unidade Tatuapé do Anglo.
A Poli foi criada em 1893 e incorporada à USP em 1934, quando a universidade foi criada.
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