O delegado José Iegas (no centro) encontrou os assentados, que aceitaram com ressalvas as propostas do MST e do Incra| Foto: Marcos Labanca

MST acusa violência em retomada

A Coordenação Estadual do MST divulgou uma nota alegando supostas agressões que teriam sido cometidas durante a reintegração. Segundo o texto, as famílias afastadas em 2007 chegaram armadas e ameaçaram os moradores. "Essas pessoas chegaram com facas e armas, ameaçando as famílias. Os agricultores foram expulsos das terras e os pertences, jogados na chuva", diz a nota. O MST ainda acusa os agricultores expulsos, suspeitos de facilitar o tráfico de drogas na região, de voltar para continuar as atividades ilícitas. As seis famílias negam as acusações. Desde domingo, as polícias Federal e Militar mantêm viaturas monitorando o assentamento. (GA)

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Foz do Iguaçu - A Polícia Federal de Foz do Iguaçu está tentando buscar uma solução para o impasse instaurado no Assentamento Antônio Tavares, antiga Fazenda Mitacoré, em São Miguel do Iguaçu. O embate começou no último domingo, quando seis famílias expulsas em 2007, acusadas de estarem envolvidas com tráfico de drogas e descaminho de mercadorias, voltaram ao local e reocuparam três dos antigos lotes.

Na manhã de ontem, o delegado-chefe da PF em Foz do Iguaçu, José Alberto de Freitas Iegas, esteve reunido com Vinícius de Oliveira, ouvidor do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), e lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). De acordo com o delegado, durante a reunião na sede da PF em Foz foram sugeridas medidas para "acalmar" os lados envolvidos. "Alguns pontos foram propostos para atender as duas partes inseridas no incidente. Acredito que exista a possibilidade de um acordo amigável. Não é fácil, mas é possível", afirmou. O MST e o Incra sugeriram que permaneçam nos lotes somente as pessoas que tiverem uma liminar concedida pela Justiça Federal. "Vamos cumprir a lei e as liminares. Ou seja, quem tem liminar permanece no lote, e quem não tem desocupa", disse Iegas. Até o momento existe apenas uma liminar válida.

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As seis famílias foram expulsas do assentamento depois de uma batida da Polícia Federal, em setembro de 2007. A PF apreendeu 1,5 tonelada de maconha em um caminhão, perto do assentamento, em São Miguel do Iguaçu. Na época, ninguém foi detido. Mais tarde, três assentados foram denunciados e respondem o processo na Justiça, em liberdade. No início deste ano, as famílias afastadas conseguiram uma liminar e tiveram a reintegração de posse garantida. As famílias que foram expulsas estão morando em lotes vizinhos e querem retornar. Já os que chegaram não querem sair, e o grande ponto de conflito entre o MST e as famílias que retornaram domingo é a destinação do lote desocupado. Os antigos assentados disseram que não sairão das terras caso elas sejam repassadas para outras pessoas, como aconteceu no passado. Uma possibilidade de resolver o impasse, diz o delegado Iegas, é manter vazio o lote desocupado até que uma das partes consiga uma liminar.

Ainda na tarde de ontem, o delegado-chefe, acompanhado de dois policiais, visitou o assentamento e explicou aos antigos moradores o que havia sido sugerido pela manhã na delegacia. Os agricultores receberam bem as propostas do MST, mas alertam que muita coisa já foi prometida no passado. "Nós queremos que o acordo seja cumprido", falou um deles. Antes de ir embora, o delegado disse que todos os itens propostos devem ser debatidos com o advogado do grupo. "Assim que todos aceitarem o acordo, nós faremos uma ata, que deverá ser assinada pelos representantes de ambas as partes. O acordo será formalizado na Polícia Federal, com a participação da Procuradoria da República. Queremos que tudo seja efetivamente cumprido e a tensão termine", completou Iegas.