Dez pessoas foram presas no Paraná, nesta sexta-feira (18), em uma operação deflagrada pela Polícia Civil contra óticas acusadas de contrabandear óculos e de emitir notas fiscais falsas. Seis prisões ocorreram em Curitiba equatro, em Paranavaí, no Noroeste do estado. As ações também se estenderam em Minas Gerais, onde outras cinco pessoas foram presas. São Paulo e Santa Catarina também foram alvos da operação.
De acordo com informações repassadas pela Polícia Civil, o esquema funcionava há dez anos e gerou sonegação fiscal de aproximadamente R$ 50 milhões. Em cinco meses de investigações, a polícia levantou evidências de que as óticas receptavam óculos de origem chinesa. O produto entrava no Brasil pelo Paraguai e as empresas adulteravam notas fiscais para não levantar suspeitas. Além disso, no cumprimento dos mandados, a polícia apreendeu cerca de 100 mil peças de óculos, fuzis, revólveres, pistolas e quatro granadas.
Durante entrevista coletiva realizada na tarde desta sexta-feira no 1º Distrito Policial (DP), a polícia apontou que as óticas acusadas de integrar o esquema fazem parte das redes Visomax e Grupo Vega. Uma rede de Belo Horizonte, em Minas Gerais, também estaria envolvido nas irregularidades. A Gazeta do Povo tentou ouvir representantes da Visomax, por meio de telefones disponibilizados no site da rede, mas não conseguiu contato. A reportagem também tentou telefonar para o único número disponibilizado no site do Grupo Vega, mas a ligação também não foi atendida.
Articulação e presos
Segundo a Polícia Civil, o esquema foi articulado pelo ex-deputado federal por Minas Gerais, Francisco Sales Dias Horta, que também é presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDI), de Belo Horizonte. O acusado está foragido e, segundo as investigações, há indícios de que ele esteja na China.
A polícia aponta que familiares e funcionários do ex-deputado eram usados como "laranjas" para a criação de empresas de fachada. Um homem indicado como filho dele, Francisco Dias Horta Neto, está entre as pessoas que foram presas em Curitiba. De acordo com a relação divulgada pela polícia, os outros detidos na capital são Adriana Sales Dias Horta, Glauciene Pinto de Jesus, Hélio Pinto de Jesus, Jéferson Santos Afonso e Marcus Vinícius Assis.
A lista aponta que em Paranavaí foram presos José Carlos Gomes, Andréa Cristiane da Silva, Wagner Moreira e Ivan Ferreira da Cruz. Em Minas Gerais, os presos foram identificados pela polícia como Ramom de Oliveira Vieira e Neusa de Abreu Dias.
Segundo a polícia, os acusados serão indiciados por receptação de carga de origem ilícita, formação de quadrilha, falsificação de documentos públicos e particulares, lavagem de dinheiro, estelionato, sonegação fiscal, ameaça, corrupção, adulteração e comercialização de produtos nocivos à saúde, comunicação indébita e fraude previdenciária.
Além do ex-deputado Francisco Sales Dias Horta, estão foragidos Rafael Lassi Cladeira e Juliana Abreu Hora Purri.
Em junho de 2017, a Justiça Federal, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), determinou o arquivamento do inquérito que investigava a Visomax e seus sócios na operação "Negócio da China", extinguindo a investigação sem qualquer penalidade a qualquer deles. No entendimento do MPF, acolhido pelo juízo, o inquérito policial continha incorreções que anulariam as prisões e provas obtidas durante a investigação. O MPF também sustentou que a pretensão punitiva de algumas infrações estaria prescrita e que para outras faltariam evidências de materialidade.
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