Polícia Civil terá paralisação e ameaça greve
Investigações do Grupo de Atuação Especial do Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público (MP) Estadual, levaram ontem à prisão preventiva de 16 pessoas em Colombo, região metropolitana de Curitiba. Entre os detidos estão dez policiais civis da Delegacia do Alto Maracanã. Outras quatro pessoas estão foragidas. O grupo é acusado de concussão (extorsão cometida por servidor público), corrupção passiva e formação de quadrilha.
Policiais civis farão paralisação nos dias 2 e 22 de abril em protesto contra as más condições de trabalho nas delegacias e exigindo um novo Plano de Cargos e Salários para a categoria. Durante a paralisação, as delegacias vão manter apenas os serviços essenciais: registro de flagrantes e guarda de presos. Outros serviços, entre eles o registro de boletins de ocorrência, não serão cumpridos nestes dias. Se não houver negociação com o governo do estado neste período, a categoria pode optar pela greve em maio.
A decisão de paralisação foi aprovada ontem durante protesto organizado pelo Sindicato dos Policiais Civis de Londrina e Região (Sindipol) e pelo Movimento Operação Padrão (grupo independente que luta por melhorias para a classe) no Centro Cívico de Curitiba. Conforme explica o presidente do Sindipol, Ademilson Alves Batista, inicialmente a paralisação atingiria apenas as delegacias de Londrina e região, onde o sindicato atua. "Mas os policiais de outras cidades podem aderir à paralisação em apoio", aponta.
Na manifestação de ontem, que saiu da Assembleia Legislativa e passou pelo Palácio das Araucárias (atual sede do governo) e pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), os policiais também protestaram contra o retorno à ativa de 500 policiais que estavam aposentados. Agentes aposentados, como a investigadora Silvana Ladeia, 50 anos, foram obrigados a retornar para as delegacias por uma decisão do TCE, que não reconhece a aposentadoria especial dos policiais, colocando-os no bolo de trabalhadores que devem se aposentar com a idade mínima de 53 ou 60 anos. Silvana estava aposentada há quatro anos quando, em 2007, recebeu uma carta que a obrigava a voltar ao trabalho no outro dia. "Isso é um risco muito grande para o policial que estava parado e para a sociedade. Voltei sem nenhum curso de atualização, completamente desatualizada, sem o ritmo que eu tinha quando estava na ativa", reclama a investigadora, lotada na 10ª Subdivisão Policial, em Londrina.
Como exemplo das mudanças que encontrou ao retornar, Silvana cita a forma de registrar ocorrências. "Quando parei, era com máquina de escrever. Quando fui obrigada a voltar, era tudo informatizado", exemplifica.
O estresse de retornar ao trabalho se reflete no organismo da policial. Desde que voltou a trabalhar, Silvana sofreu dois problemas cardíacos: um enfarte e um derrame do pericárdio. "Além de voltarmos defasados, o número de policiais diminui a cada dia, enquanto o de bandidos aumenta. É muito estressante", afirma a policial.
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