A Polícia Civil de São Bernardo do Campo vai abrir inquérito nesta segunda-feira (9) para apurar crime de injúria contra a estudante Geisy Arruda, de 20 anos, por causa das ofensas que ela sofreu de colegas na Universidade Bandeirante (Uniban), no dia 22 de outubro, porque usava vestido curto. A informação é da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), no ABC.
De acordo com a delegada titular da DDM, Angela de Andrade Ferreira Ballarini, os advogados da ex-aluna chegaram por volta do meio-dia à delegacia para registrar a ocorrência contra os alunos que hostilizaram e xingaram na universidade. As imagens das agressões foram parar na internet -- estudantes gravaram a cena com telefones celulares.
"Eles [advogados] estão aqui nesse momento. Vão me entregar um requerimento eu vou abrir inquérito para apurar o caso", disse a delegada, nesta segunda, por telefone ao G1. "A estudante não veio com os advogados, mas, após a instauração do inquérito, ela terá de comparecer aqui para ser ouvida e confirmar os fatos".
O crime de injúria é caracterizado quando uma pessoa ofende a dignidade ou o decoro de alguém. "Os estudantes falaram diversos palavrões para a estudante", disse Angela, se referindo ao vídeo postado na internet que comprova as agressões.
Segundo a delegada, o trabalho da polícia consistirá agora em identificar os alunos envolvidos. No domingo (8), a Uniban divulgou nota em jornais informando que suspendeu os estudantes que participaram das ofensas, mas não disse quantos são e nem deu seus nomes.
"Todos [alunos que hostilizaram] a jovem serão chamados para prestar esclarecimentos", afirmou a delegada. Ela informa que, em caso de condenação, a pena para o crime de injúria sempre é revertida em trabalhos prestados à comunidade.
No domingo, a União Nacional do Estudantes (UNE) divulgou comunicado repudiando a decisão da Uniban. "Essa história absurda teve um desfecho ainda mais esdrúxulo", informou a união. Na nota, a entidade exige que "a matrícula da estudante seja mantida, que a universidade se retrate publicamente e que todos os agressores sejam julgados e condenados não somente pela instituição, a Uniban, mas também pela Justiça brasileira".
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