A polícia constatou, no ano passado, 200 casos de maus tratos a animais em Curitiba e região metropolitana. Segundo informações da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), em 90% dos casos, as vítimas são cães. Os outros 10% se referem a outros animais, principalmente a cavalos usados por carroceiros.
Em todo o ano de 2011, a DPMA registrou 313 boletins de ocorrências, mas, segundo o superintendente da delegacia, Ivan José de Souza, um terço dos casos não foi constatado pelos investigadores. De cada dez ocorrências em que os maus tratos são comprovados, em nove a denúncia partiu de cidadãos comuns. Os outros 10% dos casos são apresentados à polícia pela Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba (Spac). "Quando os casos chegam pela sociedade, já vêm com toda a comprovação", explica Souza.
Cães
Os casos envolvendo cachorros dizem respeito a diversos tipos de maus tratos. Desde agressões a acomodações inadequadas e abandonos. Na maioria das ocorrências, a denúncia parte de vizinhos. Após o registro, os investigadores da DPMA e vão ao local, apurar a situação.
No ano passado, ganhou repercussão a morte de uma cachorra da raça yorkshire, dentro de um pet shop localizado no bairro Água Verde, em Curitiba. A cadelinha havia sido deixada pela dona no estabelecimento, mas um funcionário a atingiu com um golpe de rasqueadeira. O animalzinho não resistiu e morreu. O caso foi investigado pela DPMA, que indiciou o funcionário, o dono e duas veterinárias do pet shop. O inquérito foi enviado ao Juizado Especial de Curitiba.
Outro caso ocorreu em Araucária, na região metropolitana de Curitiba. Um grupo de seis adolescentes amarrou uma bomba nas patas traseiras de um filhote de cachorro. O artefato explodiu, matando o animal. Com o cão já em óbito, os rapazes colocaram outra bomba na boca dele e o explodiram. Toda ação foi gravada pelos próprios adolescentes, com um celular. O crime teria ocorrido em janeiro de 2010.
"Esta ocorrência chegou por meio de uma denúncia anônima. Conseguimos localizar um dos envolvidos e, a partir dele, identificamos todo o grupo. Conseguimos também o vídeo que eles gravaram", disse o investigador Dimitri Amaral Camaroski. Os adolescentes foram indiciados e o caso foi encaminhado à Vara da Infância e Juventude de Araucária.
Cavalos
Segundo o superintendente, todas as denúncias de maus tratos a cavalos dizem respeito a animais que são usados por carroceiros. As ocorrências apontam falta de alimentação e exploração dos animais. Souza diz que a análise dos casos merece cuidado, já que a totalidade das ocorrências é registrada em famílias de baixíssima renda, que usam os cavalos para trabalhar. "É preciso ter bom senso, porque os cavalos são fonte de dinheiro para essa família", ressalva o policial.
Apesar do cuidado na apuração dos casos, Souza ressalta que em 2011 houve casos em que os animais chegaram a ser apreendidos. "É um último caso. Nós procuramos orientar os proprietários", disse.
Registro
De acordo com o superintendente, as denúncias sobre maus tratos de animais devem ser apresentadas pessoalmente à DPMA ou por telefone. Em 2011, a delegacia chegou a receber denúncias por e-mail, mas este canal foi cancelado por conta do grande índice de informações falsas. Cerca de 90% das ocorrências apresentadas pela internet não eram constatadas, segundo a polícia.
"Boa parte dessas denúncias não confirmadas correspondem a vizinhos que se incomodam com latidos, por exemplo, e acabam acionando a polícia, como uma forma de vingança", disse o superintendente. O policial ressalta que falsa comunicação de delito é crime e a pessoa pode responder por isso.
Serviço:
A Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) fica à Av. Prefeito Erasto Gaertner, 1261, no bairro Bacacheri, em Curitiba. O telefone é o (41) 3356-7047.
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