A rede do esquema de fraude em abastecimento de combustível apurado pela Polícia Civil do Paraná cresceu e, nesta quarta-feira (29), outras seis novas pessoas entraram na mira dos investigadores com a deflagração da segunda etapa da operação Pane Seca, realizada em Curitiba, região metropolitana e em Guaratuba, no Litoral. Os trabalhos desta quarta não interditaram postos.
Ao todo, foram autorizados dois mandados de prisão temporária, oito de busca e apreensão e quatro de condução coercitiva. Os mandados de prisão não foram cumpridos e, portanto, os alvos passaram a ser considerados foragidos - o que aumenta para seis o número de procurados pelos investigadores.
Das quatro pessoas que tiveram a condução coercitiva autorizada pela Justiça, apenas uma foi localizada. Trata-se do funcionário de um posto de gasolina que supostamente atuava como laranja no esquema. No nome dele estavam um carro Mercedes-Benz e uma moto.
Todas as seis pessoas buscadas pelos agentes nesta segunda etapa da Pane Seca são suspeitas de estar direta ou indiretamente envolvidas com a quadrilha responsável pelas adulterações e, que, segundo a Polícia Civil, não estaria agindo há pouco tempo.
“A gente acredita que há anos [o esquema vinha funcionando] porque a pessoa não começa a praticar fraudes de maneira tão repentina. A gente pode atá verificar controle remoto que era utilizado para acionar chips, as placas adulteradas que eram colocadas nos postos. E isso leva um certo tempo”, declarou Guilherme Rangel, delegado titular da Delegacia de Crimes Contra a Economia e Proteção ao Consumidor (Delcon).
Rangel disse que também faz parte das apurações descobrir a origem dos equipamentos empregados para adulterar o abastecimento nos postos investigados.
O secretário de Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita, irá conceder uma entrevista coletiva nesta quinta-feira (30) para passar mais detalhes sobre a operação.
Fraude
A fraude consistia na instalação de dispositivos nas bombas, os quais são responsáveis por interromper o fluxo de combustível efetivamente expelido pelas bombas, sem que haja interrupção na medição da quantidade de litros a ser paga pelo consumidor.
Assim, a quantia de combustível de fato inserido nos tanques dos veículos de consumidores seria inferior (de 6% a 8%) ao registrado nas bombas, fazendo com que os clientes paguem valores a maior em cada abastecimento. Estes dispositivos, segundo a investigação, poderiam ser ativados remotamente – o que dificultaria a atuação dos órgãos fiscalizadores.
Morte de fiscal antecipou operação
A morte de um fiscal de postos de combustíveis antecipou os trabalhos decorrentes das investigações que vinham sendo feitas pela Polícia Civil. Fabrizzio Machado da Silva, de 34 anos, foi morto a tiros quando chegava em casa na noite da quinta-feira passada (23), no bairro Capão da Imbuia, em Curitiba.
A vítima era presidente da Associação Brasileira de Combate a Fraudes de Combustíveis (ABCF) e foi o responsável pela denúncia do esquema fraudulento que resultou na Operação Pane Seca. Para a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), ficou claro que os atiradores armaram uma tocaia para Silva. Eles estariam em dois carros. Quando o fiscal chegou, um dos veículos forçou o acidente. O outro teria dado cobertura à ação.
Segundo informação da própria Secretaria de Segurança, a Operação Pane Seca foi antecipada por causa da morte do fiscal, pois existia a possibilidade de fuga de um dos chefes do esquema.
Além disso, a polícia investiga a possível relação entre o assassinato do fiscal e a quadrilha que fraudava as bombas dos postos de combustível em Curitiba e região metropolitana.
Segundo informou a Sesp nesta quarta-feira, os trabalhos de investigação da morte do fiscal e da apuração das irregularidades nos postos de combustíveis continuam a andar separadamente.
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