O desejo de concluir o Ensino Fundamental e Médio já fez pelo menos 80 pessoas caírem em um suposto golpe praticado no Centro de Curitiba. Conforme reclamação de uma aluna, não havia entrega de apostilas e nem eram feitas as provas de aprovação dos cursos.
O esquema foi desmantelado na tarde de ontem, após policiais militares intervirem em uma discussão na sede do curso. Ao descobrir os motivos da briga, os investigadores suspeitaram do negócio e encaminharam três pessoas para prestar esclarecimentos no 1.º Distrito Policial. Pelo menos seis pessoas já prestaram queixa sobre o golpe na delegacia.
Segundo os policiais, o Supletivo Nacional não tem razão social e o responsável não apresentou documentos que comprovem legalidade do negócio. Luís Carlos de Andrade, 32 anos, é apontado como o dono do curso. Questionado sobre o supletivo, Andrade respondeu não estar se sentindo bem.
Uma adolescente de 16 anos trabalharia como secretária do curso e recebia R$ 800 para ficar das 8 às 18 horas matriculando alunos. Ela conta que esse era o quarto mês que estaria na função sem carteira assinada. A moça estima que cinco pessoas se matriculavam semanalmente no curso e que nunca viu os alunos fazendo avaliações. "As provas eram em outras escolas", conta. No entanto, ela não soube citar nenhuma "parceria".
A secretária esclarece que vendia "cursos preparatórios à distância com o auxílio de apostilas" por R$ 795 (cinco parcelas de R$ 159). O aluno deveria estudar em casa e em três meses estaria apto para os exames. Ela disse que a central do curso é em São Paulo. Pelo menos 500 panfletos eram distribuídos diariamente. Um panfleteiro de 23 anos revela que a secretária pagava R$ 15 por dia.
O panfleto traz que o curso é aprovado pelo Ministério da Educação e está em mais de 200 cidades. O Ensino Fundamental poderia ser finalizado junto com o Ensino Médio e o aluno deveria ter no mínimo 16 anos. Aproximadamente 30 cursos técnicos eram ofertados, como formação política, transações imobiliárias e segurança particular. A propaganda ainda informa que o curso já está há 10 anos no mercado.
De acordo com os policiais, a discussão que levou à descoberta do suposto esquema acontecia em uma pequena sala na Rua Marechal Deodoro da Fonseca. Sendo ludibriada por quatro meses, uma aluna levou um computador do curso há dias. Nenhuma ocorrência sobre o fato foi registrada. "Agora, um inquérito será instaurado para apurar a documentação do curso", afirma o delegado Otacílio Gimenez Bovolin.
Serviço: denúncias podem ser feitas no 1.º DP, na esquina da Rua André de Barros com Travessa da Lapa.
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