O delegado que investiga o ataque de criminosos a um ônibus próximo à entrada da Favela Para Pedro, na madrugada desta segunda-feira (2), disse que o crime aconteceu por uma futilidade.
"A motivação teria sido músicas cantadas por passageiros desse ônibus. Foi verificado que não se tratava de uma guerra entre traficantes rivais. Foi um motivo fútil mesmo", afirmou o delegado João Dias, que ouviu informalmente o motorista do ônibus e de vários passageiros do veículo.
No ataque, três pessoas foram atingidos pelos tiros. Todos os ouvidos confirmaram que os disparos teriam sido feitos por traficantes da Favela Para Pedro, em Irajá, no subúrbio do Rio. Nenhum dos feridos tinha antecedentes criminais. Cerca de 50 pessoas estavam no coletivo no momento do ataque. Dois feridos estão em estado grave: um rapaz de 21 anos, que foi atingido na cabeça e está em coma, e uma adolescente de 17 anos, que levou um tiro nas costas. Ela respira com ajuda de aparelhos.
"É desesperador. Eu estou aqui me segurando, queria estar do lado dela, agarrar ela, é desesperador", disse o pai da adolescente, Márcio César Bemincasa.
Projétil
Os peritos examinaram o veículo e acreditam que os disparos foram feitos com um fuzil. Nenhum projétil foi encontrado no veículo.
Depois do acidente, o motorista resolveu seguir para o Hospital Getúlio Vargas.
"Ali na altura do Para Pedro, bandidos saíram de dentro de beco e atiraram para dentro do ônibus. Houve um pânico muito grande, as pessoas começaram a gritar dentro do ônibus", contou um dos passageiros.
Ônibus depredado
Na parte da manhã, também no subúrbio, outro ataque a um ônibus, que segundo a polícia, teria sido uma vingança de traficantes contra a empresa Verdum. A empresa teria se negado a pagar uma taxa para circular na região da Favela Camarista Méier. De acordo com o depoimento do motorista do veículo, um grupo de 15 menores jogou pedras e quebrou todas as janelas do ônibus.
A Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Rio e a Verdum não confirmam a informação.
Os dois ataques foram feitos cinco dias depois de quatro ônibus terem sido incendiados, supostamente por traficantes, durante uma operação policial no Morro da Mangueira, na Zona Norte. A ação teria sido uma represália à ação, que deixou morto o chefe do tráfico de drogas no local, Leandro Monteiro Reis, o Pit bull.
O governador Sérgio Cabral tem uma explicação para a série de ataques:
"Para gerar o stress. É para incomodar o governo e acomodar o governo. É muito mais fácil cruzar os braços porque aí o tráfico não reage, a milícia não reage, mas a nossa opção é não ter acordo e enfrentar o tráfico e enfrentar a milícia."