A Polícia Civil do Paraná consolidou na última semana a implantação de uma ferramenta de gestão pioneira no país e utilizada por algumas das principais forças de segurança do mundo. As 20 subdivisões policiais do interior cada qual responsável por uma microrregião do estado serão avaliadas a cada seis meses e receberão uma nota, que varia de zero a dez. O resultado será divulgado em uma espécie de ranking. A ideia é aferir de forma ampla a qualidade do serviço prestado, desde o atendimento ao cidadão ao andamento do inquérito policial.
"Com isso, teremos um indicador que vai nos permitir que corrijamos os rumos do que não estiver de acordo com o padrão que queremos. O objetivo não é demonizar quem não tiver uma nota boa, mas incentivar que todos melhorem", explicou o chefe da Divisão Policial do Interior (DPI), delegado Rogério Antonio Lopes.
O primeiro ranking foi divulgado semana passada. Quatro subdivisões obtiveram nota dez. O desempenho menos satisfatório ficou com Londrina, avaliada com 7,0 (veja o ranking completo nesta página). O processo de avaliação havia começado em agosto do ano passado, quando a DPI traçou um plano de metas e identificou duas lideranças de cada subdivisão e passou a treiná-las para atuarem como "multiplicadores" do padrão buscado pela corporação.
A avaliação leva em conta dez quesitos. No item "qualidade do inquérito policial", por exemplo, o Ministério Público participou da análise apontando como estavam os procedimentos de cada microrregião. Para aferir a "qualidade integral de atendimento ao cidadão", policiais da DPI ligaram para delegacias se passando por uma pessoa qualquer para medir como estava o serviço na unidade. A nota foi composta ainda considerando critério técnicos, como planejamento operacional, estrutura física e comprometimento da equipe.
"É uma medida de transparência e isso é um direito do cidadão", resumiu o delegado Lopes, especialista em gestão pública e autor de um livro na área de gestão em segurança pública.
Polêmica
Polícias de países como Canadá e Alemanha contam com métodos de avaliação continuada semelhantes. Apesar de ser uma boa ferramenta de gestão aplicada à segurança pública, a medida parece ter enfrentando resistência. Nos bastidores da corporação, comenta-se que chefes de subdivisões não ficaram satisfeitos com a avaliação. Na semana passada, enquanto cumpria agenda em Londrina, o próprio governador Beto Richa (PSDB) chegou a atacar a iniciativa.
"Eu acredito que foi uma trapalhada da Polícia Civil. Eu não aceito o que aconteceu e já pedi explicações, porque o que interessa são os resultados", disse na ocasião.