Oito dias após um tiroteio na Favela Danon, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, peritos estiveram na comunidade nesta terça-feira (28) e encontraram cápsulas de fuzil 762 usado por policiais militares e uma sandália que pode ser do menino Juan, de 11 anos, que desapareceu durante o confronto.
Em depoimento, a mãe de Juan disse que ele calçava uma sandália roxa. Agora, ela vai ser chamada para fazer o reconhecimento.
A Divisão de Homicídios (DH) informou que vai pedir que sejam recolhidas as armas dos policiais envolvidos no tiroteio. "As armas dos policiais militares serão recolhidas e vai ser feito um exame de confronto balístico, com isso vai ser possível determinar que armas efetivamente foram utilizadas no local", disse Sérgio Henriques, diretor de polícia técnica.
Os peritos encontraram, também, marcas nas paredes e também manchas de sangue num dos becos da comunidade. Dois jovens foram baleados no confronto. O delegado Ricardo Babosa, da DH da Baixada, considerou o trabalho desta terça-feira produtivo. "A conclusão que se chega é que o confronto ocorreu no final do corredor e as vítimas vieram correndo no sentido contrário ao do confronto. Infelizmente o Juan não conseguiu correr com essas outras vítimas", disse.
Em até 15 dias, a família deve fazer um exame de DNA para saber se são do menino Juan os vestígios que podem ser de sangue encontradas nas cinco viaturas envolvidas no episódio.
Buscas demoraram a começar, diz pesquisador
Para o pesquisador de segurança Paulo Storani, as buscas demoraram a começar. "Quanto mais tempo se demorar para buscar elementos para que possa identificar os autores do desaparecimento e o próprio local onde o rapaz possa estar, mais difícil vai ser a elucidação do caso", disse Storani.
O Disque-Denúncia vai lançar nesta quarta-feira (29) um cartaz com uma foto de Juan. A central já recebeu sete ligações com pistas sobre o menino e a expectativa é de que com a divulgação desse cartaz, esse número aumente. Quem tiver informações sobre o paradeiro do menino pode ligar para o número (21) 2253-1177. O anonimato é garantido.
Buscas
Policiais militares aguardam uma peça de roupa do menino Juan para continuar as buscas. Segundo informações do coronel Sérgio Mendes, comandante do 20º BPM (Mesquita), a peça servirá para que os cães farejadores tentem achá-lo.
"O Disque-Denúncia recebeu uma informação que consta que o corpo do menino Juan está enterrado no alto da favela, próximo a uma cachoeira. O corpo teria sido levado para o local por um traficante da comunidade conhecido como "FL", ele seria o chefe do tráfico. Amanhã vamos pegar esta peça de roupa e daremos para que os cães possam reconhecer o cheiro do menino e aí sim, tentarmos achar alguma pista sobre o paradeiro dele", explicou o comandante.
De acordo com o comandante, a família do menino vai entregar a roupa na quarta-feira (29). "Só estamos aguardando a muda de roupa para darmos início a esta operação com os cães", concluiu o coronel Sérgio Mendes.
PM não está encobrindo nada, diz coronel
Na manhã desta terça, o chefe do Estado Maior Operacional da PM, coronel Álvaro Garcia, disse numa cerimônia de homenagem a policiais na Zona Oeste do Rio, que a PM não está encobrindo nada na investigação do desaparecimento de Juan: "Temos certeza que a verdade vai aparecer e, se houver envolvimento dos policiais, eles serão responsabilizados", disse.
O coronel Álvaro Garcia disse que a apuração do comandante 20º BPM "com certeza vai mostrar que os PMs não têm nada a ver com o sumiço de Juan". Álvaro Garcia confirmou que foram encontrados sinais de sangue numa das viaturas do batalhão e anunciou que peritos tentarão fazer uma comparação entre o material encontrado e amostras de sangue do menino.
Segundo informações da assessoria da Polícia Civil na segunda-feira (27), testes de luminol feitos por peritos deram positivo em cinco viaturas do 20º BPM (Mesquita), mas só exames laboratoriais vão poder confirmar se as marcas encontradas são de sangue.
Segundo o delegado-adjunto da 56ª DP (Comendador Soares), Rafael Ferrão, os dados dos GPS dos carros já estão na delegacia e eles devem ser confrontados com o relato dos policiais do batalhão. A Polícia Militar abriu uma sindicância para apurar se houve envolvimento de policiais no desaparecimento. Também na segunda, a Comissão de Direitos Humanos da Alerj ouviu a família de Juan.
Liberdade provisória
Também nesta terça-feira, o juiz Márcio Alexandre Pacheco da Silva, da 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, concedeu liberdade provisória a Wanderson dos Santos de Assis, 19 anos, que foi baleado em confronto na Favela Danon. As informações foram confirmadas pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ)
O jovem está sob custódia no Hospital Adão Pereira Nunes, em Saracuruna. Segundo a polícia, ele é suspeito de envolvimento com o tráfico de drogas e teria participado do tiroteio.
A família do jovem, no entanto, alega que ele trabalha numa loja de doces, estuda no município e não tem ligação com o tráfico. De acordo com a Defensoria Pública, que fez o pedido, o alvará de soltura já foi expedido. No entanto, até as 19h desta terça-feira, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) não soube informar se Wanderson permanecia ou não sob custódia.
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