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Três pessoas ligadas ao piloto curitibano José Melo Viana (a mulher, Heloísa, a filha de 11 anos e a empregada, Maria de Lurdes) foram libertadas, na madrugada de ontem, do cativeiro onde, desde quinta-feira, eram mantidas como reféns por integrantes da facção criminosa paulista PCC (Primeiro Comando da Capital). Em uma ação ousada, policiais do grupo Tigre (anti-seqüestro) da Polícia Civil do Paraná e da Polícia Federal invadiram a casa onde as vítimas estavam, no bairro Boqueirão (Rua Simão Kossobudski), em Curitiba. As reféns foram libertadas e quatro pessoas foram presas. O objetivo dos bandidos era forçar o piloto, único no país com autorização para saltar de pára-quedas, a resgatar um líder do PCC, identificado apenas como Vô, de dentro de um presídio no interior de São Paulo.

Entre os presos, três estavam no cativeiro vigiando os reféns. Em outra casa no mesmo bairro (Rua das Carmelitas), a polícia prendeu o quarto integrante do bando, que dava o suporte logístico. Os seqüestradores estavam com quatro pistolas, munição especial, seis telefones celulares, dois capuzes e um veículo Ford K, com placa de São Paulo. De acordo com a polícia paulista, o seqüestro foi terceirizado e custaria cerca de R$ 1 milhão. A Gazeta do Povo acompanhava o caso desde quinta-feira, mas não divulgou para não colocar os reféns em perigo.

Estrutura

Os presos são Edimar Alves, 37 anos, o Fininho, integrante do PCC, a companheira dele, Ana Lúcia da Paixão, 36 anos, Alessandro de Jesus Alves, 19 anos, ex-interno da Febem, e Elondri Marcelo Santos Boza, 24 anos. Embora nenhum tiro tenha sido disparado, Fininho reagiu, foi ferido e está internado. O grupo será processado por extorsão mediante seqüestro (hediondo), roubo, formação de quadrilha e porte ilegal de armas. A polícia procura pelo menos mais quatro pessoas em São Paulo que também teriam participado nos crimes.

Segundo as investigações, o seqüestro contou com a colaboração de no mínimo quatro grupos. O primeiro planejou e organizou a ação, investigando nos últimos seis meses detalhes da vida e hábitos do piloto. O segundo foi até a casa dele na quinta-feira, no bairro Ahú, rendeu a família, passou as instruções para o resgate do líder do PCC, levando, como garantia, as três reféns. O terceiro cuidava das vítimas e fazia o trabalho de logística para a quadrilha. E o quarto fazia os contatos telefônicos do interior do presídio de Mirandópolis, onde ontem começou uma rebelião, após o desfecho do seqüestro (leia detalhes na página 5).

Intimidação

Em entrevista coletiva, o secretário estadual de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, disse que os seqüestradores queriam um piloto arrojado. Ele contou que recebeu um bilhete do piloto na quinta, solicitando auxílio. "Eles disseram que colocaram um transmissor na sua perna (do piloto), para intimidá-lo", disse Delazari, que acionou o grupo Tigre e a Polícia Federal.

De acordo o delegado Fernando Francischini, titular da Delegacia de Crimes Patrimonais (Delepat) da Polícia Federal, os bandidos usaram muita pressão psicológica. "Eles colocavam a mulher e a filha para falar com o piloto. Elas eram orientadas a dizer que estavam bem e a cobrar a execução da tarefa ", afirmou.

Segundo o delegado titular do grupo Tigre, Riad Braga Farhat, todas as ligações para negociar o resgate das vítimas foram feitas de dentro do presídio de Mirandópolis. A polícia chegou a procurar o cativeiro na cidade.

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