A Polícia Civil do Rio fez na madrugada desta terça-feira (27) a reconstituição do atropelamento que provocou a morte de Rafael Mascarenhas, de 18 anos, filho da atriz Cissa Guimarães. A simulação foi feita no Túnel Acústico, na Gávea, na Zona Sul, e durou mais de cinco horas.
O túnel foi interditado à meia-noite de segunda (26). O jovem que confessou ter atropelado o músico, os três rapazes que estavam com ele e dois amigos de Rafael, ambos skatistas, participaram da reconstituição. Dois irmãos do músico também acompanharam a reprodução simulada.
Os policiais militares que interceptaram o motorista envolvido no atropelamento do músico não foram chamados para participar da reconstituição. Eles cumprem prisão administrativa por 72 horas no batalhão do Leblon, na Zona Sul do Rio. Em depoimento, Roberto Bussamra, pai de Rafael Bussamra, contou que o filho foi coagido a pagar propina para os policiais.
O trabalho dos peritos e dos investigadores responsáveis pelo caso começou por volta de 0h30. Em seguida, o carro que atropelou o músico foi levado para o interior do túnel assim como os skatistas amigos de Rafael. De longe foi possível observar peritos trabalhando no local, inclusive tirando fotos. A reconstituição terminou por volta de 5h40. O túnel foi reaberto em seguida.
Entenda o caso do atropelamento
Rafael Mascarenhas morreu atropelado na madrugada de terça-feira (20), enquanto andava de skate com amigos no Túnel Acústico, interditado no momento para manutenção. Segundo a delegada Bárbara Lomba, titular da 15ª DP (Gávea), um dos dois jovens que estavam com Rafael teria contado que dois carros participavam de um "pega" dentro do túnel.
Todos os envolvidos foram convocados para apresentar mais uma vez as suas versões para o acidente. Primeiro foram ouvidos, separadamente, os amigos de Rafael Mascarenhas. Um skatista cumpriu o papel de Rafael. No interior do Túnel Acústico, na pista sentido Zona Sul, eles contaram detalhes sobre o caso e mostraram o local exato do acidente.
Demais envolvidos no caso foram chamados separadamente ao interior do túnel. Logo após os amigos do músico, a polícia ouviu as versões do motorista e do ocupante do carro que estava ao lado do veículo que atingiu o músico. Acompanhados dos seus advogados, eles foram ouvidos por cerca de 30 minutos cada. Os dois deixaram o local sem falar com a imprensa.
O último a participar da reconstituição foi Rafael Bussamra, que confessou ter atropelado o filho caçula da atriz Cissa Guimarães. Rafael permaneceu o tempo todo ao lado do seu advogado, Spencer Levy, e próximo a um carro da Polícia Militar. Rafael entrou no túnel por volta de 5h, e saiu às 5h40, mas também não falou com a imprensa.
Delegados, policiais civis e integrantes da equipe da perícia também deixaram o local sem falar com os repórteres. Segundo a delegada Bárbara Lomba, a investigação sobre a propina paga aos policiais ficará a cargo da Polícia Militar, que já está apurando os fatos.
A delegada afimrou, ainda, que a reprodução simulada obedeceu ao mesmo horário em que Rafael Mascarenhas foi atingido. No período de fechamento do túnel, a opção para os motoristas foi seguir pela Avenida Niemeyer, no Leblon.
Irmão de Rafael diz que espera justiça
Os irmãos de Rafael, Thomaz e João Velho, acompanharam o trabalho pericial com atenção. Ainda muito abalado, João disse que espera justiça no fim das investigações. Os irmãos deixaram o local por volta das 2h50 desta terça-feira acompanhados de amigos. João Velho contou que compareceu ao local também para dar apoio aos amigos do irmão.
"Vim dar apoio aos amigos do Rafael. A gente confia muito no trabalho da polícia. Foi um momento muito difícil a gente vir para cá. Tudo está sendo muito difícil. Desde o momento que eu cheguei até agora. Tudo é muito difícil", disse João Velho.
Advogado diz que atropelador pediu socorro
O advogado de Rafael Bussamra, jovem que confessou ter atropelado Rafael Mascarenhas, disse nesta segunda-feira (26) que seu cliente parou para prestar socorro após o acidente. O jovem prestou novo depoimento, nesta manhã, na 15ª DP (Gávea), que durou cerca de duas horas e meia.
Ainda segundo o advogado, foi nesse momento que os policias militares Marcelo Leal e Marcelo Bigon chegaram ao local do acidente, dentro do Túnel Acústico. "Os PMs encostaram ao lado do carro do Rafael dizendo que ele tinha que ir para a delegacia. Os policiais nem se preocuparam em saber como estava o Rafael Mascarenhas", contou Levy. "Os PMs falaram: Você já ligou e o socorro está vindo. Agora, temos que ir para a DP", complementou o advogado.
De acordo com o advogado, no caminho para a delegacia, os policias teriam "mudado de conduta", desistido de levar o jovem para a delegacia e teriam pedido a propina.
Corregedoria da PM pediu prisão preventiva dos PMs
A Corregedoria Interna da Polícia Militar pediu, na manhã desta segunda-feira (26), à Auditoria de Justiça Militar que decrete a prisão preventiva de 30 dias dos dois policiais militares que liberaram o carro do atropelador do músico. As informações são do relações públicas da PM, capitão Ivan Blaz.
A delegada Bárbara Lomba afirmou que os policias podem ser acusados por corrupção passiva e Rafael e Roberto Bussamra por corrupção ativa. Rafael Bussamra, que admitiu ter atropelado Rafael Mascarenhas, ligou para o pai Roberto que pagou mil reais aos policiais após o acidente. O pedido dos policiais, segundo ele, seria de R$ 10 mil.
O sargento da Polícia Militar Marcelo Leal e o cabo da PM Marcelo Bigon se apresentaram à polícia no fim de semana, e estão presos no 23º BPM (Leblon), onde trabalhavam.
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