A Polícia Civil fechou ontem um bingo clandestino no bairro Uberaba, em Curitiba. No local, havia 81 pessoas jogando: homens, mulheres e até adolescentes estavam presentes no momento em que os policiais do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) chegaram. Os bingos são ilegais no Brasil desde 2004.
Segundo o delegado Alexandre Bonzatto, esse foi o primeiro fechamento de bingo realizado pelo Cope no ano. Dois funcionários que vendiam as cartelas, um gerente e um segurança foram encaminhados para assinarem termo circunstanciado pelo envolvimento. Eles foram liberados em seguida.
Sete jogadores, escolhidos aleatoriamente, também foram chamados para dar depoimentos antes de poderem ir para casa.
Os outros jogadores foram liberados em fila indiana. Entre eles, havia uma senhora com andador, alguns adolescentes e a mulher de um policial.
O bingo ficava em uma casa na Rua Manoel Soares Gomes. Os vizinhos dizem que já sabiam da atividade. O local era protegido por um muro alto e ficava a maior parte do tempo com o portão fechado. A presença de dois seguranças, o grande número de carros e o entra e sai de pessoas acabaram chamando a atenção para o endereço.
No momento da apreensão, os policiais do Cope encontraram R$ 484 em dinheiro e R$ 150 em cheque. Também havia uma moeda de 25 pesos. A casa cobrava R$ 1 por cartela e cada rodada valeria menos de R$ 100.
A proprietária da casa, moradora de um espaço nos fundos das instalações, Edilma Zaleski, 55 anos, também deverá prestar depoimento. Conforme os policiais, ela contou que cobrava R$ 50 de aluguel e disse que o bingo não funciona diariamente.
Surpresa
A entrada dos policiais foi uma surpresa. Com ar de vergonha, uma dona de casa do Capão Raso disse que esta era a primeira semana que vinha ao lugar. Ela afirma que a entrada era fácil: bastava tocar o interfone.
Para outra dona de casa, 56 anos, moradora da Vila Guaíra, o investimento baixo rendia algum lucro. Ela disse que chegou a ganhar R$ 80. A amiga de mesa tinha acabado de ganhar uma rodada. Elas contaram que a casa de bingo era frequentada sempre pelos mesmos grupos. Uma boa parte dos frequentadores era oriunda da região metropolitana.
O vendedor Héder Antunes da Silva, 25 anos, disse que foi um dia jogador e acabou resolvendo ganhar dinheiro com o jogo. Por dia, recebia R$ 50 para vender as cartelas para os interessados. Dois pacotes com diversos blocos mostravam que o local era bem movimentado. "Compensa trabalhar aqui. Além do dinheiro do dia, tem a caixinha". Mesmo assim, os funcionários afirmavam que o local não dava dinheiro.
Antecedentes
Um vizinho da casa, que não quis se identificar, disse que a movimentação denunciava a ilegalidade. Ele recordou que a polícia já tinha efetuado o fechamento no ano passado, em novembro, mas conta que dias depois as pessoas retornaram. Para outra vizinha, o público da casa não causava grandes transtornos. No local, já tinham funcionado uma mercearia, um bar e uma casa de pagode.
A casa de bingo ficava aberta das 14 às 23 horas. Os piores dias para os vizinhos eram os do fim de semana, por causa do acúmulo de carros que atrapalhavam as entradas das garagens. "Depois das 15 horas, só carrão", disse um deles.
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Interatividade
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