Pela terceira vez neste ano, a Polícia Federal (PF) promoveu ontem uma paralisação para pedir o fim do que eles chamam de "apagão" da corporação. A mobilização faz parte de um movimento nacional, que pode resultar em greve da categoria a partir do fim do mês. Desta vez, o movimento iniciado à meia-noite de ontem deve durar 72 horas (três dias) e terminar à meia-noite de amanhã.
Assim como na última paralisação, segundo o sindicato que representa a categoria, os atendimentos agendados para a emissão de passaportes, na Superintendência da PF na capital paranaense, são realizados normalmente. O que pode ter alteração no funcionamento são os procedimentos conhecidos como encaixes, que ocorrem entre um e outro atendimento. A recomendação é para que apenas quem tem horário marcado busque atendimento até o fim da paralisação.
Porém, o presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Paraná, Fernando Vicentine, diz que pode haver tumulto na emissão de passaportes hoje, quando a categoria planeja fazer um movimento dentro da superintendência. Segundo ele, os manifestantes estão impedidos de entrar no local, o que tem causado descontentamento. "Não vamos mais suportar essa situação. Estamos impedidos de entrar no nosso próprio ambiente de trabalho."
Vicentine, porém, enfatiza que possíveis transtornos à população são pequenos quando comparados à situação que vive a Polícia Federal. "Queremos que a população entenda que o simples fato do passaporte é um prejuízo pequeno perto da corrupção aumentando. Com nosso trabalho prejudicado, ocorre aumento no tráfico de drogas, tráfico de pessoas, ingresso de todo tipo de ilegalidade de fronteira e lavagem de dinheiro. Não queremos prejudicar a população ainda mais do que já é prejudicada."
"Apagão"
A primeira paralisação da categoria em 2014 ocorreu no dia 11 de fevereiro, com 24 horas de duração. No dia 25 de fevereiro, ocorreu o segundo movimento, quando os policiais cruzaram os braços por 48 horas. O sindicato da categoria divulgou números sobre a situação que levou os policiais a protestar. Entre 2010 e 2013, o número de indiciados pela PF no Paraná caiu 51% de 6.114 para 2.983.
Procurada pela reportagem, a Polícia Federal, em Brasília, informou apenas que não se pronuncia sobre a paralisação dos policiais.