A operação Lava-Jato deve revelar uma nova modalidade de lavagem de dinheiro e evasão de divisas em curso no Brasil: a importação fraudulenta. A Polícia Federal (PF) suspeita de que doleiros estão utilizando empresas de comércio exterior para operações ilegais. Quatro deles tiveram prisão preventiva decretada pela Justiça Federal e seguem detidos na carceragem da PF em Curitiba. Entre eles está Alberto Youssef, flagrado nas investigações do Banestado, no início dos anos 2000, e beneficiado por um acordo de delação premiada.
Três empresas que operam com comércio exterior e tiveram negócios com Youssef estão sendo investigadas. Uma delas é a Sanko Sider Comércio Importação e Exportação de Produtos, que importa tubulações para refinarias, usinas de energia e obras de saneamento básico. Seu sócio, Márcio Bonilho, é investigado por corrupção ativa desde 2008, quando foi flagrado pela operação João de Barro da PF. Segundo as investigações, um gerente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasp) teria atuado como "representante comercial" da Sanko junto a empresas que executavam obras públicas.
A Sanko Sider forneceu tubos para um trecho de 28 km da adutora do São Francisco, em Sergipe, obra do PAC orçada em R$ 114,9 milhões.
Na Operação Lava-Jato, a suspeita é que a Sanko tenha sido usada para repassar dinheiro ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, tendo como intermediário o doleiro Youssef. Num processo envolvendo a alfândega, a Sanko informou à Justiça que importou produtos da Petroleum Services, com sede no Kuwait, para atender o consórcio responsável pelas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Costa era o responsável por fiscalizar a execução da obra, que na fase de terraplanagem sofreu superfaturamento de R$ 70 milhões.