Dinheiro apreendido com os acusados: R$ 13 mil das extorsões| Foto: Thiago Domingos/Futura press

Alto Maracanã tinha esquema semelhante

Na semana passada, uma investigação do Grupo de Atuação Especial do Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público (MP) do Paraná, levou à prisão 18 pessoas, entre elas uma delegada, o superintendente, escrivães, investigadores e informantes da delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba, além de dois advogados.

O grupo é acusado de concussão (extorsão cometida por servidor público), corrupção passiva e formação de quadrilha. Segundo a Secretaria da Segurança Pública, a polícia investigava traficantes e outros criminosos na região para depois extorqui-los, cobrando ainda propina para soltar detentos e para não manter na cadeia pessoas presas em flagrante. Já a tarefa dos advogados seria procurar os parentes dos detidos e acertar os valores da extorsão, que variavam de R$ 3 mil a R$ 50 mil.

Ontem, a Justiça prorrogou as 18 prisões temporárias por mais cinco dias. Ao todo, 20 prisões foram decretadas na semana passada, sendo 16 pessoas detidas no início da operação, no dia 18. Um dia depois, dois foragidos (há ainda outros dois) se apresentaram à Justiça.

Da Redação

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SÃO PAULO - Uma operação da Polícia Federal (PF) prendeu ontem, em São Paulo, seis pessoas suspeitas de integrar uma quadrilha especializada de extorsão a empresários e sacoleiros, corrupção passiva e ameaça de sequestro. Entre os detidos estão dois policiais federais, um ex-policial civil e um ex-PM – que havia sido condenado pelo assassinato de um delegado. Até o fim da tarde de ontem, um sétimo suspeito – que deve ter a prisão preventiva decretada – continuava foragido. Durante a ação, a PF apreendeu R$ 5 milhões em cédulas falsas.

Segundo o superintendente da PF em São Paulo, Leandro Daiello Coimbra, já há dois casos confirmados de extorsão a empresários, sendo que um deles envolveu um ônibus de sacoleiros que havia saído do Paraguai. De acordo com a polícia, a quadrilha pedia entre R$ 5 mil e R$ 50 mil a empresários.

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O grupo exigia dinheiro para não efetuar prisões nem apreensões de mercadorias. Para extorquir as vítimas, o grupo utilizava tanto informações sobre ações suspeitas dos empresários ou inventava acusações contra as vítimas.

Ainda segundo a polícia, um dos suspeitos se passava por delegado para ameaçar as vítimas. De acordo com Coimbra, a quadrilha não utilizava informações dos bancos de dados das policiais Civil, Militar e Federal. A PF vai apurar, no entanto, se a quadrilha utilizava equipamentos da polícia – como coletes a provas de bala, distintivos, entre outros.

Além dos R$ 5 milhões em cédulas falsas, foram apreendidos R$ 13 mil com um dos policiais federais e um jet ski. Um dos suspeitos presos tinha mais de 20 anos de carreira na PF. Todos os suspeitos continuam detidos e devem prestar depoimentos à Polícia Federal.

A Operação Persistência teve início em novembro de 2008, quando uma das vítimas denunciou a ação à PF. Os acusados devem responder por corrupção passiva, concussão (extorsão cometida por funcionário público) e extorsão, entre outros crimes.

Corregedor foi morto em 1998

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Um dos seis homens presos ontem é o ex-sargento da Polícia Militar Sérgio Bueno, condenado a 23 anos de prisão pela participação no assassinato do delegado-corregedor da Polícia Federal em São Paulo Alcioni Serafim de Santana, em maio de 1998. Serafim foi morto com dois tiros no portão de sua casa, na zona norte de São Paulo. Na época, ele investigava um grupo de policiais federais suspeitos de formação de quadrilha, prisão ilegal e extorsão.

Bueno foi condenado em 2001 por ter participado do assassinato de Santana a mando do ex-delegado federal Carlos Leonel da Silva Cruz. Em 2007, Cruz foi condenado a 27 anos de prisão como mandante do crime. Segundo a acusação, Cruz decidiu o crime e Bueno fez contato com um homem que contratou dois pistoleiros para matar o corregedor. Bueno cumpria o regime semiaberto.

Entre os outros três réus, apenas um foi absolvido. Após ter sido condenado por 25 anos em primeira instância, um dos pistoleiros foi absolvido no segundo julgamento pelo júri, que considerou não ter sido ele o autor dos disparos contra Serafim.