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A prisão de três anestesistas obrigou o Evangélico a remarcar operações pré-agendadas | Hugo Harada/Gazeta do Povo
A prisão de três anestesistas obrigou o Evangélico a remarcar operações pré-agendadas| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

Atendimento

Com falta de médicos, Hospital Evangélico reduziu cirurgias

O Hospital Evangélico deixou de realizar cerca de 200 cirurgias eletivas (não emergenciais) nas últimas duas semanas. Das cinco pessoas detidas pela Polícia Civil por suspeita de envolvimento em mortes ocorridas na UTI, três eram médicos anestesistas, que desfalcaram a equipe.

"Os anestesistas têm uma norma padrão. Com o desfalque de três anestesistas, houve dificuldades na manutenção da normalidade do serviço, ocasionando uma suspensão temporária de parte das cirurgias eletivas, que deverão ser remarcadas sem prejuízo aos pacientes", informou a instituição, em nota.

A UTI geral do Evangélico, que esteve fechada nos últimos dias, deve reabrir na próxima sexta-feira, com nova equipe e procedimentos revistos por uma equipe da Secretaria Municipal de Saúde.

Confiança

O governador do Paraná, Beto Richa, afirmou ontem que a polícia age com independência e conduz a investigação de forma estritamente técnica. "A investigação ocorre até certo momento com sigilo, algumas coisas foram abertas à sociedade, mas é importante ressaltar que o Judiciário está a par de tudo. O Ministério Público tem acompanhando tudo o que tem acontecido no Hospital Evangélico, o que nos dá a tranquilidade de que a justiça será feita", disse. "Confio no trabalho da polícia", completou.

O inquérito da Polícia Civil sobre as mortes ocorridas na UTI do Hospital Evangélico entre 2011 e 2012 concluiu que houve formação de quadrilha e homicídio qualificado, crimes que teriam sido cometidos por seis pessoas – além das cinco que ainda estão presas, outra médica foi indiciada.

De acordo com o delegado-geral da Polícia Civil, Marcus Michelotto, há provas contundentes que incriminam o grupo. O documento entregue ao Ministério Público Estadual (MP) – que terá prazo até segunda-feira para decidir se encaminha a denúncia à Justiça – tem cerca de 7 mil páginas.

A médica Krissia Wallbach, que estava de férias no exterior, foi a sexta acusada incluída entre os indiciados. Ela teria aparecido nos áudios gravados durante as investigações. A médica foi convocada a depor e compareceu na segunda-feira ao Núcleo de Repressão aos Crimes contra a Saúde (Nucrisa). Mas, segundo o advogado dela, Jorge Timi, ela ainda não prestou nenhuma informação à polícia. "Ela se reservou ao direito de aguardar a liberação do inquérito para receber cópia das gravações e poder comentar o assunto", declarou. Segundo Timi, qualquer médico que trabalhou na UTI durante a investigação, que teve início há um ano, pode ter sido citado nas gravações.

O advogado disse ainda que Krissia não trabalhava no Evangélico quando ocorreram as mortes. "Ela trabalhou no Hospital Evangélico entre abril de 2012 e janeiro de 2013." Inicialmente, seis casos que estavam sendo analisados eram anteriores a março de 2012. Entretanto, há informações de que o inquérito entregue pela Polícia Civil ao MP elencou mais de duas dezenas de óbitos suspeitos.

Segundo a polícia, não foi solicitada a prisão de Krissia porque o inquérito estava sendo concluído, e por isso não havia risco de a médica atrapalhar as investigações. Além de Krissia, foram indiciados a médica Virgínia Helena Soares de Souza – que comandava a UTI –, Maria Israela Cortez Boccato, Edison Anselmo da Silva Junior e Anderson de Freitas, além da enfermeira Lais da Rosa Groff.

"Realmente existia uma quadrilha no Hospital Evan­­gélico que vitimava as pessoas que lá estavam internadas", afirmou o delegado em um evento de entrega de viaturas policiais. Nem a Polícia Civil e nem o MP comentaram outros detalhes do caso. Michelotto disse que o sigilo é importante porque há provas que poderiam causar "uma revolta muito grande" na população.

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