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Vitória - A Polícia Civil do Espírito Santo indiciou ontem seis médicos, dois diretores e uma enfermeira de dois hospitais capixabas por crime contra a saúde pública e lesão corporal grave por causa de um surto de micobactéria de crescimento rápido (MCR) ocorrido entre abril e julho de 2007. As investigações levaram dois anos para serem concluídas e esta é a primeira vez que profissionais de saúde são acusados criminalmente de serem responsáveis por um surto de infecção hospitalar no país.

Os acusados são o diretor-geral Antonio Alves Benjamim Neto; o diretor clínico, Ivan Lima; os médicos Gil da Costa Gomes, Isaac Walker de Abreu, Luís Alberto Sobral Vieira Júnior, Adelmo Rezende da Costa, Leandro Correa Leal e Gustavo Peixoto Soares Miguel; e a enfermeira instrumentista Cláudia Sales Martins do Nascimento. Todos os médicos e diretores são dos Hospital Meridional. Além disso, os dois últimos – Gustavo e Cláudia – atuavam no hospital Santa Rita, uma das principais casas de saúde da capital capixaba.

As acusações constam nas 800 páginas de dois inquéritos que investigavam 106 casos de infecção hospitalar pelo micro-organismo, todos ocorridos em pacientes que foram submetidos a cirurgias. Ainda estão em aberto mais nove inquéritos policiais para investigar 86 casos registrados em outros nove hospitais da região metropolitana de Vitória no mesmo período.

Nos inquéritos, os policiais revelaram que a infecção que acometeu os 106 pacientes ocorreu porque havia descaso na organização do centro cirúrgico e houve falha no reprocessamento de material, excesso de cirurgias em um mesmo dia, desinfecção de alto nível insuficiente e reutilização de material descartável.

Segundo o delegado José Darcy de Arruda, da Delegacia de Defesa do Consumidor (Decon), os nove acusados assumiram o risco de provocar a infecção ao não tomar providências mesmo depois de saber que tinha havido casos de infecção hospitalar por MCR nos centro cirúrgicos.

"Os médicos continuaram operando da mesma forma mesmo depois de saber que havia casos de contaminação nos centros cirúrgicos dos dois hospitais. Ao não tomar providências necessárias, os médicos e os diretores assumiram o risco de provocar danos aos pacientes", comentou o delegado.

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