A Delegacia de Homicídios (DH) trabalha com duas linhas de investigação no caso do morador de rua Ygor Holowka, de 30 anos: incêndio criminoso e acidente. O rapaz sofreu queimaduras de primeiro e segundo graus no tórax e nas mãos enquanto dormia próximo à Rua Desembargador Ermelino de Leão, no Centro de Curitiba. Ele segue internado no Hospital Evangélico para tratar as queimaduras desde o início da manhã da última terça-feira (28), quando aconteceu o episódio.
No início, a principal hipótese era de alguém teria colocado fogo no rapaz. Agora, a Polícia Civil já considera a possibilidade dele ter incendiado o próprio corpo, involuntariamente, devido ao efeito do uso de crack. O delegado Rubens Recalcatti, titular da DH, disse que a hipótese de um caso criminoso não é descartada, mas também investiga a possibilidade de acidente. "Ele saiu da cadeia recentemente e temos informações de que ele usou drogas direto nos últimos três dias (antes do caso). Ele pode ter consumido bebida alcoólica ou algo do gênero e derramado no corpo sem perceber. Ao acender um cachimbo de crack, pode ter se incendiado", afirmou.
Holowka estava preso por furto qualificado desde setembro do ano passado. Na sexta-feira passada (24), ele teve a liberdade concedida pela Justiça. Um investigador ouviu o relato de Holowka no hospital e o rapaz teria dito que achava que tinha sonhado ao ver o corpo queimando. Agora, a Polícia Civil deve aguardar a melhora do estado de saúde do rapaz para tomar o depoimento dele na delegacia. "Vamos ouvi-lo aqui", disse Recalcatti, que considerou a hipótese de ele não aparecer ao receber alta do hospital.
Ex-universitário
Ygor Holowka chegou a iniciar a faculdade de Engenharia da Computação, mas não conseguiu concluí-la. Em depoimento à Delegacia de Homicídios, a mãe do rapaz contou que há cerca de três anos ele começou a usar drogas pesadas, como o crack, e que até então consumia maconha. Ele teria passado por várias clínicas de reabilitação, mas sempre acabava retornando ao vício.
Depois de iniciar agressões em casa, Holowka passou a dormir em uma pensão paga pela família. No dia 3 de setembro do ano passado, ele foi detido após tentar roubar a bolsa de uma mulher em Curitiba. Ele esteve preso em diversas delegacias da capital até ser enviado ao Centro de Traigem II, em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, até ser liberado na semana passada.
Segundo a mãe do rapaz, a família paga até hoje o financiamento estudantil referente ao período em que Holowka era estudante universitário.