Ponta Grossa Depois de ser chamado de homossexual e pedófilo no Orkut site de relacionamentos na internet e receber dicas de como se matar, um estudante universitário de 19 anos cometeu suicídio na garagem de sua casa, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, ao inalar monóxido de carbono. A Polícia Civil abriu inquérito para investigar se ele foi incentivado a se matar e busca o responsável pela comunidade virtual.
O corpo do rapaz foi encontrado dentro de seu carro na noite de 5 de março. Segundo o delegado Homero Vieira Neto, ele colocou uma mangueira no cano de escape do veículo, entrou no carro, fechou as portas, ligou o motor e morreu ao respirar o monóxido de carbono. O modo como o estudante se matou era sugerido num dos tópicos da comunidade virtual chamada "No escuro Ponta Grossa".
As investigações vieram à tona nesta semana a partir de informações de amigos e parentes do rapaz sobre pressões de alguns integrantes da comunidade. "Suicídio não é crime, mas induzir alguém a se matar sim, e por isso, começamos a investigar o caso", disse Vieira Neto.
O artigo 122 do Código Penal prevê reclusão de dois a seis anos para quem induz, instiga ou ajuda alguém a cometer suicídio. "Não vai ser fácil chegar ao culpado", lembra o delegado. Ele pediu apoio ao Núcleo de Combate aos Cybercrimes, de Curitiba. O setor vai analisar os contatos feitos pelo estudante e pedir a quebra de sigilo do Orkut.
A família está em estado de choque. "Tudo o que nós fizermos não trará ele de volta", disse a mãe, que pediu para não ser identificada. O rapaz era filho único e cursava o primeiro ano do curso de Educação Física de uma faculdade particular de Ponta Grossa. Seu último trabalho foi como técnico do centro de processamento de dados de um hospital da cidade, onde trabalhou quatro meses e foi dispensado sem justa causa.
Um dos amigos do rapaz, o universitário Jean Sauka, acredita que ele tenha se matado por pressões recebidas no Orkut. "Foram muitas mensagens. Durante um ano inteiro ele foi humilhado", lembra Sauka, acrescentando que em janeiro deste ano, numa conversa instantânea pela internet, o amigo confessou que tinha a intenção de se matar.
Rodrigo Abreu Barbosa, que trabalhou com o estudante no hospital, lembra que ele era uma pessoa muito alegre e extrovertida. "Ele nunca relatou problemas pessoais, sempre estava bem", disse. Os pais também nunca perceberam desvios.
A psicóloga Lisandra Ferreira Gomes analisa que as relações virtuais estão provocando mais impacto que as relações da vida real. "São os efeitos colaterais da evolução da comunicação virtual que estamos começando a sentir agora", aponta.
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