Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Em Curitiba

Polícia investiga suposto estupro envolvendo jogadores do Vitória

Mulher é escoltada por policiais militares após sair do hotel Bourbon, no Centro de Curitiba | Aniele Nascimento/Agência de Notícias Gazeta do Povo
Mulher é escoltada por policiais militares após sair do hotel Bourbon, no Centro de Curitiba (Foto: Aniele Nascimento/Agência de Notícias Gazeta do Povo)
Denúncia é investigada pela Delegacia da Mulher |

1 de 1

Denúncia é investigada pela Delegacia da Mulher

A Delegacia da Mulher de Curitiba investiga um suposto caso de estupro que teria sido cometido por jogadores do Esporte Clube Vitória, na madrugada desta segunda-feira (30), em um hotel de Curitiba. A denúncia foi feita pela suposta vítima, de 43 anos, à polícia no início da manhã, em frente ao local onde a delegação do clube ficou hospedada. O time jogou na capital contra o Atlético neste domingo (29), em partida válida pelo Campeonato Brasileiro de Futebol, que terminou com o placar de 5 a 3 para os baianos.

Ouvida pela polícia, a mulher identificou dois jogadores que estariam no quarto, através das fotos do site do clube. Apesar disso, eles não teriam necessariamente participação no caso, segundo a polícia. Na tarde desta segunda, ela foi levada para exames periciais no Instituto Médico Legal (IML), para apurar se há sinais de violência, mas o resultado só deve ficar pronto de dez a quinze dias, de acordo com a delegacia.

A titular da delegacia, Márcia Rejane Vieira Marcondes, disse que a mulher foi ouvida, mas que ainda não prestou depoimento. À polícia, ela disse que não se lembra do que ocorreu, apenas que acordou nua na cama do quarto de hotel, com dores e marcas pelo corpo. A denunciante estaria bastante agitada, segundo a delegada. "Ela alega ter sido vítima de estupro, mas não precisa que atos ocorreram. Por isso, ela passa por exames e o médico legista será competente para nos informar", disse Márcia.

A suposta vítima foi hospitalizada e medicada com antirretrovirais (para prevenir infecção por HIV) e pílula do dia seguinte, para evitar uma possível gravidez.

Segundo a delegada, ainda é muito prematuro afirmar se houve violência ou não. Até o momento, a polícia apurou que o grupo estava em uma casa noturna e foram para o hotel por volta das 2 horas da madrugada desta segunda-feira (30), onde locaram um quarto para essas duas mulheres, que ficaram no local acompanhadas de três jogadores. Uma das moças saiu, acompanhada de um dos jogadores, e a outra ficou. "Não sabemos o que aconteceu nesse período no quarto, mas, posteriormente, ela estava sozinha, foi acudida pela amiga e não noticiou ter sido vitima de violência no momento", explica a delegada.

Como a polícia já iniciou o inquérito do caso, deve ouvir as testemunhas e verificar as imagens das câmeras de segurança do hotel. Se for comprovado que houve estupro, a delegacia pedirá o indiciamento dos envolvidos e até mesmo a prisão dessas pessoas. Caso seja comprovado que não houve violência, a mulher que fez a denúncia pode responder por falsa comunicação de crime. O processo pode correr tanto na esfera criminal quanto na cível, já que as pessoas que se sentiram ofendidas pelo caso podem acioná-la judicialmente.

Entrada no hotel

Sílvio Rossi, gerente do Hotel Bourbon, no Centro de Curitiba, onde ocorreu o fato, confirmou que duas mulheres, entre elas a que denunciou o caso, deram entrada como hóspedes por volta das 2 horas da manhã. Elas permaneceram no local até perto das 5h30, quando, segundo Rossi, pagaram as diárias normalmente e saíram. Durante esse período, conforme o gerente, não houve nenhuma reclamação por parte das duas em relação ao suposto estupro.

"O papel do hotel, naturalmente, é hospedar as pessoas, não temos como proibir a entrada no hotel. Fizemos todos os registros, como a Polícia Federal exige. Ela [a suposta vítima] não fez nenhum tipo de reclamação de arrombamento de quarto, abordagem no quarto dela etc. Isso nunca aconteceu no hotel em nove anos que estou aqui. Naturalmente que nós ouvimos todas as pessoas e passamos todas as informações à polícia", disse o gerente.

A denúncia

Por volta das 6h30 da manhã, apenas a suposta vítima voltou ao hotel, conforme Rossi, e disse que tinha sofrido abuso sexual cometido por jogadores do Vitória. Foi pouco depois desse horário que ela saiu pela rua e abordou um carro que passava por uma via próxima, a Rua Cruz Machado, a poucos metros do hotel. O motorista desse veículo, Hamilton José de Carvalho, 39 anos, foi quem chamou a polícia, segundo informações repassadas por ele.

"Eu estava voltando para casa, sou mensageiro de um hotel. Eu não estava rápido, estava a uns 40 quilômetros por hora, o semáforo abriu e ela se jogou na minha frente. Deixei a janela apenas um pouco aberto para ver se não era assalto e percebi que ela parecia falar a verdade. Disse para ela entrar e estacionei. Ela estava muito agitada, dizia apenas que tinha sido estuprada", contou Carvalho.

O homem disse que a mulher tinha sinais de embriaguez e que, após se acalmar, admitiu a ele ter bebido um pouco. Após alguns minutos, a mulher contou que tinha ido a uma balada com uma amiga e jogadores do Vitória. Essa amiga teria um caso com um deles e, após um período nesse local, convidaram as duas para ir ao hotel. Elas teriam aceitado e então seguido ao estabelecimento.

"Ela me mostrou um cartão magnético de hóspede do hotel, foi então que comecei a acreditar nela. Ela falava apenas que dizia para eles que não queria, e que forçaram a ter relações sexuais. Fui ao hotel e um funcionário me disse que eu podia chamar quem eu quisesse que não ia dar em nada. Então chamei a polícia e eles chegaram bem rápido", contou.

Carvalho disse que parte dos policiais foi hostil com ele e impediu, em um primeiro momento, os jornalistas de entrevistarem a moça, ainda dentro do carro dele. Depois, já no hotel, o homem conta que a moça começou a ficar a apavorada e teria ficado tensa ao ver alguns jogadores. "Ela falava: ‘aquele lá me conhece, sabe que eu estava aqui’. Eu vi ele [o jogador] dando um sinal para ela".

Investigações

A delegação do Vitória voltou para Salvador sem prestar depoimento à polícia. A delegada disse que esse não é um problema, já que os jogadores podem ser ouvidos pela polícia baiana e ter as falas anexadas ao inquérito da polícia paranaense. Márcia disse que vai esperar a suposta vítima se acalmar para colher outro depoimento que possa esclarecer melhor o que ocorreu no hotel. Além disso, imagens de câmeras de segurança serão utilizadas para esclarecer os fatos.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do Vitória, mas não conseguiu contato até o final da tarde desta segunda-feira.

Em seu perfil oficial no Twitter, o clube, em resposta a uma seguidora sobre o caso, disse que nada ocorreu. "Simplesmente uma pessoa bêbada tentou se aproveitar de algo que não existiu. Ninguém teve contato com ela".

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.