O inquérito da Polícia Civil do Rio de Janeiro que investigou ativistas e resultou na decretação de prisão preventiva de 23 pessoas medida revogada na última quarta-feira pelo desembargador Siro Darlan também reuniu indícios de que black blocs de São Paulo e do Rio trocam informações frequentemente e atuam juntos em algumas manifestações.
Uma ligação telefônica interceptada com autorização judicial às 12h31 de 2 de julho indica que a ativista Camila Jourdan procurou uma pessoa de São Paulo, chamada Priscila, pedindo informações sobre "a vinda de pessoas de São Paulo para as manifestações do dia 13 de julho, final da Copa no Rio".
No mesmo dia, às 16h38, Camila pede a outro ativista, Igor DIcarahy, que confirme a existência de local para hospedar "as pessoas que vêm de São Paulo". A viagem dos ativistas de São Paulo foi descartada por causa da prisão de ativistas, no dia 12 de julho.
Em depoimento, o ex-integrante da comissão de organização dos protestos violentos, o técnico químico Felipe Braz Araújo, 30 anos, detalhou à Polícia Civil quem são os líderes do movimento e como funcionava a estratégia de depredações. As reuniões do grupo, segundo ele, ocorriam, geralmente, em prédios públicos ou no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ ou na sede da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
O objetivo da comissão, de acordo com o depoimento, era definir os temas que seriam explorados nos protestos. A partir da escolha das prioridades, marcava-se um ato e eram planejados o que o depoente chamou de "atos criminosos". "Nas reuniões eram planejados trajetos e atos criminosos, como incendiar ônibus, destruição do patrimônio público e privado, furto a caixas eletrônicos de agências bancárias", afirmou Araújo aos investigadores. O ex-integrante contou ter deixado o grupo por discordar das ações violentas.