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Crime no Morro do Boi

Polícia muda versão do crime

Cartaxo “acha” que roubaram dinheiro do casal e suspeito deve ser indiciado por latrocínio. | Valterci Santos/Gazeta do Povo
Cartaxo “acha” que roubaram dinheiro do casal e suspeito deve ser indiciado por latrocínio. (Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo)

A nova linha de investigação adotada pela polícia sobre o crime do Morro do Boi, em Caiobá, é de que o criminoso teria assaltado os jovens e depois atirado. Por isso o suspeito vai responder pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte). Um outro ponto importante do caso também ganhou uma outra versão: o homem não teria estuprado a universitária, e sim cometido atentado violento ao pudor, ou seja, tocado nas partes íntimas da vítima sem chegar ao ato sexual.

A partir dessas informações, o suspeito preso na terça-feira deve ser indiciado. A polícia tem dez dias para concluir o inquérito após a prisão. E o Ministério Público, depois disso, tem cinco dias para oferecer ou não a denúncia. Só assim o processo judicial será aberto e o homem passará a responder a processo.

Por meio de um texto divulgado ontem no site da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR), a polícia afirmou ainda que a camiseta polo encontrada no local foi descartada como prova criminal: o exame de DNA feito pelo Instituto de Criminalística comparando o material genético do homem preso e o de uma mancha de sangue na camiseta deu negativo.

O delegado coordenador das investigações, Luiz Alberto Cartaxo, falou à Sesp que o homem vai responder por atentado violento ao pudor, e não por estupro, porque a jovem não teria declarado ter sido estuprada.

Uma declaração do secretário de Segurança, Luiz Fernando Delazari, dá a entender que as investigações foram resolvidas. "Este era mais um caso que desafiava a polícia do Paraná, mas o fato de a jovem ter sobrevivido, ser vítima e testemunha ocular do crime foi decisivo para elucidarmos o caso. Desde que tudo aconteceu, a polícia não descansou um minuto sequer para identificar e prender este criminoso, que agora será colocado à disposição da Justiça", disse.

A polícia, pelo menos até o momento, não apresentou provas materiais à imprensa ou ao advogado de defesa do suspeito que possam incriminá-lo. A secretaria diz apenas que a jovem carregava R$ 90 no bolso e que o dinheiro sumiu. A principal prova é testemunhal: a jovem reconheceu o suspeito como sendo o autor do crime. Há ainda outras duas testemunhas: uma que viu o mesmo homem descendo do Morro do Boi por volta das 21 horas do dia 31 de janeiro e outra que afirmou ter enxergado um homem com as características do suspeito na Praia Mansa, no dia seguinte ao crime, acompanhando o resgate da vítima. Ainda não se sabe as motivações do crime e onde está o revólver calibre 38 usado no atentado.

Colegas de trabalho do suspeito teriam dito à polícia que ele não foi visto no dia e horário do crime na empresa. Uma funcionária, que terá o nome preservado por medo de represálias, disse ontem à reportagem que esteve com o suspeito entre 20 e 21 horas do dia 31 de janeiro. Ela contou que não prestou depoimento ainda porque não foi procurada para depor. É exatamente nesse horário que a polícia acredita que o homem voltou ao morro para molestar a jovem.

O advogado de defesa do suspeito, Nilton Ribeiro, está indignado com a mudança na tipificação do crime, o que, segundo ele, foi uma manobra da polícia para que o caso não fosse a júri popular. "Se hoje ele fosse julgado em júri, seria absolvido. Disseram que foi latrocínio, e não homicídio, para que o processo corra normalmente e seja julgado por apenas um juiz e um promotor e não por um júri de sete pessoas", disse. Ribeiro disse ainda que não há provas de roubo, que as testemunhas ouvidas foram coagidas e que o cliente nega veemente ter cometido o crime.

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