Todos os casos de 2006 foram resolvidos
Além de Nicole Eduarda Ponfrecki Guedes, roubada anteontem dos braços da mãe em Colombo, outras 28 crianças continuam desaparecidas no Paraná (casos registrados desde 1986), segundo o CriDesPar (Movimento Nacional em Defesa da Criança Desaparecida do Paraná). O caso mais antigo é o de Adriano Marques da Silva, que hoje teria 28 anos. Foi visto pela última vez em Cascavel, aos 7 anos de idade, quando saiu de casa para comprar doces. Já o último desaparecimento sem solução é o de Vivian Florêncio, que estaria com 5 anos. Ela sumiu em março de 2005, na capital, depois que a mãe foi visitar o suposto pai.
De acordo com o Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), todos os 112 casos registrados em 2006 foram solucionados e os 24 notificados até abril deste ano também. O roubo de Nicole Eduarda é o único caso recente em andamento. "Não havia acontecido nada parecido como o roubo de Nicole. As crianças eram levadas quando a mãe não estava por perto. É uma coisa muito estranha. É muita loucura e ousadia", afirma a coordenadora do CriDesPar, Marília Marchese.
A pequena Nicole Eduarda, de apenas um mês e dez dias, continua desaparecida. Ela foi roubada dos braços da mãe na manhã da última quarta-feira, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba. O caso é investigado pela polícia, que, ate o fim da tarde de ontem, não tinha novidades sobre o caso. "Estamos contando com a colaboração da população. Recebemos muitas ligações, mas ainda não temos nada de concreto", afirma a delegada Márcia Marcondes, da delegacia do Alto Maracanã.
Pelo fato do bebê necessitar de cuidados especiais, investigadores da delegacia de Colombo entraram em contato com funcionários de postos de saúde e hospitais da região. "No momento, o mais importante é encontrar a criança com boa saúde", diz Márcia. Ela acredita que Nicole ainda esteja nas proximidades e se mostra preocupada com a possibilidade do bebê ser abandonado pelos criminosos por se sentirem acuados.
A mãe Karla Cassiane Ponfrecki, 19 anos, voltou a prestar depoimento ontem. No começo da tarde, ela foi ouvida pela delegada Daniele de Oliveira Serigheli, titular do Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), que assumirá as investigações a partir de agora. "Amanhã (hoje), a mãe vai passar por um processo de hipnose no Instituto de Criminalística para tentar lembrar da placa do carro que levou o bebê", adianta a delegada.
Nicole foi levada por volta das 11 horas de anteontem, quando Karla a levava até a casa da avó, no bairro Jardim Cristina II percurso que costumava fazer nos fins de semana. "Quase não saíamos de casa. Tinha levado ela no postinho para tomar vacina duas vezes", conta a mãe. Ela relata que vinha sendo seguida por um veículo Kadett preto ocupado por dois homens e uma mulher loira. Na Avenida Presidente Farias, o passageiro saltou do carro e foi ao encontro de Karla. "Ele falou para eu dar a minha filha e puxou ela bem forte do meu braço", lembra. O trio fugiu em alta velocidade.
Não há testemunhas da ação do trio. Os moradores da avenida onde aconteceu o roubo encontraram a mãe em prantos só depois do roubo. Karla diz nunca ter visto o rapaz que arrancou Nicole de seu colo e jamais desconfiou estar sendo vigiada depois que saiu da maternidade, há um mês. "Passamos o dia inteiro com o rádio e a tevê ligados esperando alguma informação da Nicole", conta a avó Ziza Aparecida Ribeiro Guedes.
Uma das hipóteses levantadas pela delegacia local é de que Nicole teria sido levada por uma quadrilha especializada nesse tipo de crime, embora não exista registros de casos semelhantes no estado. A situação mais próxima a essa aconteceu em janeiro deste ano, quando duas mulheres tiraram uma criança de oito meses do colo da mãe em um posto de saúde no bairro Umbará, em Curitiba. As duas foram presas quando fugiam em um táxi.
Nenhuma outra possibilidade foi descartada e ainda não existem suspeitos. "Passei a noite em claro pensando nela. Ela ainda mama no peito e tem bastante cólica. Deve estar chorando muito. Se alguém souber de alguma coisa, que dê notícia", apela a mãe.
Serviço: qualquer pista que leve ao paradeiro de Nicole pode ser repassada ao Sicride pelo telefone (41) 3224-6822.
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