A Polícia Civil do Paraná anunciou, nesta quarta-feira (23), que vai acionar a Interpol, organização internacional de cooperação entre polícias de países, para tentar localizar o ex-deputado federal mineiro Francisco Sales Dias Horta, que está foragido desde 18 de março. Horta é apontado como cabeça de um esquema em que óculos de origem chinesa eram contrabandeados, comercializados e falsificados em óticas do Brasil, gerando um prejuízo estimado de R$ 50 milhões em sonegação fiscal.
O delegado Cassiano Aufiero, da Delegacia de Estelionato e Desvio de Cargas (Dedc) informou que o fato será comunicado oficialmente ainda nesta semana à Interpol. A partir disso, a entidade deve emitir um alerta em todos os aeroportos internacionais, fechando o cerco ao ex-deputado. A ação deve se estender a Rafael Lassi Caldieira e Juliana Abreu Horta Purri, que também estão foragidos.
Segundo Aufiero, as investigações apontam que Horta está na China, país a partir do qual a rede de estelionato foi articulada. "Não temos a confirmação de que ele estaria na China para tratar deste esquema, mas é de se suspeitar o fato de ele viajar para aquele país", disse o delegado.
A polícia concluiu ainda o relatório final da operação, que terminou com 15 pessoas presas (seis em Curitiba e quatro em Paranavaí, no Oeste do estado) e com mais de 100 mil óculos de origem ilegal apreendidos. Também foram detidas pessoas em Minas Gerais e foram cumpridos mandados de busca e apreensão em São Paulo e Santa Catarina.
Segundo as investigações, cada óculos era comprado por R$ 0,41 na China e os produtos chegavam a ser revendidos no Brasil a R$ 500, a unidade. Dentre a documentação encontrada, encontram-se comprovantes de remessa de dinheiro para o exterior, sobretudo para a Suíça e Alemanha. A Dedc apreendeu ainda apostilas que versam sobre lavagem de dinheiro.
O relatório aponta que as declarações dadas por "laranjas" ao longo de interrogatórios foram "comprometedoras" e que comprovam toda a fraude apontada pela polícia ao longo das investigações. O esquema
De acordo com a Dedc, o esquema funcionava há dez anos e gerou sonegação fiscal de aproximadamente R$ 50 milhões. Em cinco meses de investigações, a polícia levantou evidências de que as óticas receptavam óculos de origem chinesa. O produto entrava no Brasil pelo Paraguai e as empresas adulteravam notas fiscais para não levantar suspeitas.
A polícia apontou que as óticas acusadas de integrar o esquema fazem parte das redes Visomax e Grupo Vega. Uma rede de Belo Horizonte, em Minas Gerais, também estaria envolvida nas irregularidades. Segundo as investigações, o ex-deputado Franciso Horta foi o mentor das irregularidades e usava familiares e funcionários como "laranjas" para a criação de empresas de fachada. Dentre as pessoas que foram presas em Curitiba está o filho dele, Francisco Dias Horta Neto.
Em junho de 2017, a Justiça Federal, a pedido do Ministério Público Federal (MPF), determinou o arquivamento do inquérito que investigava a Visomax e seus sócios na operação "Negócio da China", extinguindo a investigação sem qualquer penalidade a qualquer deles. No entendimento do MPF, acolhido pelo juízo, o inquérito policial continha incorreções que anulariam as prisões e provas obtidas durante a investigação. O MPF também sustentou que a pretensão punitiva de algumas infrações estaria prescrita e que para outras faltariam evidências de materialidade.
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