Quinze pessoas foram presas acusadas de integrar uma quadrilha especializada em distribuição ilegal de combustíveis. O esquema de sonegação fiscal rendia pelo menos R$ 50 milhões ao ano ao grupo. As prisões aconteceram no Paraná e em Santa Catarina durante a "Operação Medusa", desencadeada na manhã desta quarta-feira.
Segundo o delegado-titular da Marcus Vinicius Michelotto, delegado-titular da Delegacia de Estelionato e Desvio de Carga da Polícia Civil do Paraná (DEDC), foram presas 11 pessoas no Paraná e quatro em Santa Catarina - todas suspeitas de envolvimento com a venda de combustível sem o pagamento de impostos.
Os mandados de busca e apreensão e de prisão foram cumpridos em Curitiba, Araucária e Umuarama, no Paraná, e também em Rio do Sul, Itajaí, Indaial, Balneário Camboriú, Navegantes e Apiuna, em Santa Catarina.
Entre os presos estão dois auditores fiscais da Receita Estadual do Paraná e o dono de uma das maiores distribuidoras de combustíveis do Sul do Brasil. Até mesmo um avião, usado pela quadrilha, foi apreendido pela polícia, assim como R$ 3 milhões em cheques e R$ 60 mil em dinheiro.
Durante a operação, a polícia apreendeu também diversos equipamentos de informática, agendas, escrituras, telefones celulares, carros, blocos de notas fiscais, CDs, disquetes e documentos ligados às fraudes. Com um dos presos, os policiais apreenderam uma arma de fogo. De acordo com Michelotto, o material apreendido será investigado e juntamento com os depoimentos dos presos poderá render novas prisões. "Com certeza outros fiscais da receita e empresários serão presos nos próximos dias", disse o delegado por telefone.
Segundo informações do site oficial do governo do estado, nas duas últimas semanas, a Receita Estadual do Paraná cassou na Justiça a liminar que isentava de recolher impostos cinco empresas de fachada. De acordo com a Receita, as empresas permaneceram com as liminares durante seis meses, o que gerou prejuízo ao Governo do Estado de cerca de R$ 200 milhões.
Investigação
A polícia começou a desvendar o esquema da quadrilha há cerca de seis meses, quando descobriu que Sandro Baptista de Oliveira, peça-chave do grupo, abriu o Auto Posto Radar, em Curitiba, em nome de um "laranja". A investigação mostrou, ainda segundo o site, que a Ciax Comércio de Petróleo (uma das maiores do Sul do Brasil e constituída legalmente), usa empresas de fachadas e suas notas frias para vender combustível e sonegar impostos.
De acordo com Michelotto, Oliveira recebia valores mensais das empresas que lucravam com o esquema e R$ 5 mil de cada participante. O esquema contava ainda com a participação da MR Transportes, com sedes em Indaial (SC) e Itajaí (SC), responsável pelo transporte do combustível. Reginaldo Cláudio Siquela, dono da MR, era, de acordo com a polícia, o principal homem de negociação (suborno) com os fiscais da receita.
O esquema
As investigações apontaram que João Roberto Linhares, fiscal da Receita Estadual do Paraná, estaria envolvido no esquema há muito tempo. Já o fiscal Alceu Cardoso Júnior teria aceitado a propina de R$ 600 para liberar uma carga irregular em 9 de fevereiro deste ano, no posto de Piên. A polícia tenta identificar ainda um fiscal identificado apenas como "Gordo" que também faria parte do esquema.
Já a Ciax, por meio de seus donos Wanderley Roque de Souza, Leandro de Oliveira Souza e Osvaldo Zaguine, se beneficiava do esquema montado por Oliveira para que pudesse, segundo a polícia, vender combustível ilegal usando notas frias para sonegar impostos.
Além deles, Luiz Fernando Benvenutti e Eduardo da Silva Prado Júnior, sócios e donos das empresas DCP Distribuidora e AGN Armazéns Gerais (com sedes em Camboriú e Navegantes, Santa Catarina) também, segundo o delegado, auxiliavam o esquema de suborno de fiscais e lucravam com a venda ilegal de combustível por meio das notas frias.
Os empresários que integram a quadrilha serão indiciados por omitir informações à autoridade fazendária, fraudar a fiscalização tributária e poderão ficar presos até cinco anos. Os fiscais serão indiciados por exigir, solicitar ou receber vantagem indevida para deixar de lançar tributo e podem ficar presos até oito anos. Os presos também serão indiciados em inquérito policial por formação de quadrilha.
Presos
Segundo a Sesp os presos são:
1) Rafael Gritten de Melo seria o braço direito de Sandro e seu secretário na Petrobom de Araucária
2) João Roberto Linhares fiscal da Receita Estadual acusado de participar do esquema
3) Alceu Cardoso Júnior fiscal da Receita Estadual do Paraná acusado de receber R$ 600 para liberar um carregamento ilegal
4) Zenir de Jesus Oliveira contadora de Sandro que o auxiliava para montar e vender as empresas "fachada"
5) Osvaldo Zaguine dono da Ciax
6) Wanderley Roque Rosa dono da Ciax
7) Leandro de Oliveira Souza dono da Ciax
8) Reginaldo Cláudio Siquela dono da MR Transportes, seria o principal responsável por todo o transporte dos combustíveis e suborno dos fiscais
9) Wanderlei Uler cunhado de Reginaldo, apontado como o mais importante motorista do esquema
10) Julio César do Carmo apontado como braço direito de Reginaldo
11) Rogério Adílio Borges seria o responsável por comandar a Petrobom em Santa Catarina
12) Luiz Fernando Benvenutti dono da DCP Distribuidora de Petróleo e da AGN Armazéns Gerais
13) Eduardo da Silva Prado Júnior sócio de Benvenutti
14) Sandro Baptista de Oliveira responsável por montar o esquema de empresas de fachada, emitindo notas frias para que empresas legais possam vender combustível e sonegar impostos
15) Felipe Simão Neto um dos motoristas usados no esquema
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