Foz do Iguaçu Vinte e uma pessoas foram presas pela Polícia Federal ontem, no Paraná, acusadas de integrar uma quadrilha especializada na importação, transporte e distribuição ilegal de agrotóxicos em quase todo o país. Ao todo, a Operação Campo Verde cumpriu 38 dos 47 mandados de prisão expedidos pela Justiça em sete estados e no Distrito Federal.
Treze prisões ocorreram em Foz do Iguaçu, no Oeste do estado. Entre os detidos no Paraná estão o major da Polícia Militar José Hissagi, o subtenente da PM Mauro Lourenço de Souza, o soldado da PM Sandro Lacerda e o investigador da Polícia Civil Mário Beraldo Neto todos acusados de facilitar o ingresso e a "pulverização" dos produtos contrabandeados do Paraguai.
Os agentes da PF apreenderam documentos, celulares, sete veículos e cerca de 1,5 tonelada de agrotóxicos, a maioria no estado de Goiás. A ação simultânea envolveu 627 policiais e cumpriu 107 mandados de busca e apreensão.
Segundo a PF, a logística tinha como central de distribuição Ciudad del Este, no Paraguai, e Foz do Iguaçu, de onde os carregamentos importados da China abasteciam principalmente os municípios do Oeste do Paraná, o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, maior mercado produtor de grãos do Brasil. Estima-se que o uso indiscriminado de agrotóxicos piratas movimente 60 toneladas do produto por mês nestas regiões. A quadrilha tinha ramificações também na Bahia, Minas Gerais, Distrito Federal e Santa Catarina.
Os primeiros indícios da irregularidade surgiram no município goiano de Jataí, em novembro de 2005. Desde março do ano passado, os trabalhos passaram a ser feitos paralelamente também em Foz, de onde o líder da quadrilha comandaria todo o esquema. Neste período, foram interceptadas aproximadamente dez toneladas de agrotóxicos.
Segundo a PF, os insumos eram importados para a fronteira pelo empresário e estudante de Direito Paulo Ly, 39 anos, através de uma empresa que mantinha no país vizinho. O produto vinha da Ásia em contêineres desembarcados no Porto de Paranaguá, de onde eram transportados para o Paraguai. Com a ajuda dos policiais, que conforme a PF exerciam a função de olheiros e batedores, os carregamentos voltavam ao país através do Rio Paraná e pelo reservatório da Hidrelétrica de Itaipu.
"Com o reforço na fiscalização na Ponte da Amizade, a passagem dos agrotóxicos passou a ser feita pelo rio e pelo reservatório. Os carros de passeio comportam cargas menores, por isso a vantagem da rota alternativa que vinha sendo utilizada com o auxílio de embarcações", explica o coordenador da operação no Paraná, delegado Willy Hermann Bugner. Já em território nacional, a carga seguia em veículos com fundo falso.
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