Subiu para 42 o número de presos ontem durante operação contra a cúpula do jogo do bicho no Rio de Janeiro. Entre eles está o ex-prefeito de Teresópolis (região serrana), Mário Tricano. Cerca de R$ 517 mil foram apreendidos em dinheiro, R$ 115 mil dentro do barracão da escola de samba Beija-Flor. Quatro carros importados de luxo também foram apreendidos. Também houve a apreensão de grande quantidade de joias e documentos que comprovam o envolvimento dos acusados na máfia do jogo do bicho.
Batizada de Dedo de Deus, até o final da manhã a ação já havia cumprido 126 mandados de busca e apreensão em quatro estados. Segundo o Ministério Público, os suspeitos foram presos no Rio, em Salvador, no Maranhão e no Recife. Entre os procurados estão Aniz Abrãao David, presidente de honra da escola de samba Beija-Flor, Luizinho Drumond, presidente da Imperatriz Leopoldinense, e Helinho de Oliveira, presidente da Grande Rio.
As investigações começaram há um ano e foram coordenadas pela Corregedoria Interna da Polícia Civil. Segundo a corporação, dois policiais militares do Rio e um guarda municipal de Duque de Caxias foram presos sob suspeita de participar do esquema criminoso. Um policial civil continua foragido. No início da manhã, policiais civis desceram de helicóptero e invadiram a cobertura de Aniz Abrãao, na Avenida Atlântica, em frente à praia de Copacabana. Abraão não foi encontrado.
Todos inocentes
Defensor de Aniz Abraão David, o Anísio, e Luiz Pacheco Drumond, o Luizinho Drumond, o advogado Ubiratan Guedes afirmou ontem desconhecer as acusações contra seus clientes. Ele alegou não ter tido acesso aos autos da investigação que resultaram na decretação da prisão de seus clientes, o que inviabilizava, àquela altura, a preparação de habeas corpus contra as prisões.
Os dois acusados continuavam desaparecidos e a Polícia os considerava foragidos da Justiça. Mais cedo, Guedes prometera que Anísio se apresentaria, mas não repetiu a promessa mais tarde. "A autoridade policial não está dando acesso às peças dos autos. A Polícia está dificultando um pouco o trabalho dos advogados."
Guedes explicou que pretendia requisitar ao juiz responsável pelo caso (da Vara Criminal de Teresópolis) os autos do inquérito para preparar recurso pelo relaxamento da prisão de Anísio e Luizinho. Ele não entrou no mérito da denúncia, mas, em ocasiões anteriores, alegou que seus clientes eram inocentes de acusações de contravenção. Os advogados do ex-prefeito de Teresópolis Mário Tricano e do presidente da escola de samba Grande Rio, Hélio Ribeiro de Oliveira, o Helinho, não foram localizados.