O massacre
No dia 22 de setembro, três homens armados invadiram uma chácara no bairro de Santa Clara, em Guaíra. Em cinco horas, promoveram a maior chacina da história do estado.
Marcados para morrer
Jair Correia e Ademar Fernando Luiz procuravam pelo dono da chácara, Jossimar Marques Soares, o Polaco, líder de uma quadrilha dedicada ao tráfico de drogas e ao contrabando. Além de Polaco, pelo menos outros dois membros da quadrilha estavam marcados para morrer: Zaqueu Herculano e Manoel Pascoal da Silva.
Inocentes mortos
No momento em que os bandidos chegaram à chácara, Polaco, Zaqueu e Manoel não estavam no local. Várias pessoas foram rendidas e posteriormente mortas até que Polaco chegasse e ligasse chamando os comparsas. No total, 15 pessoas foram mortas. Outras quatro pessoas ficaram feridas.
Estopim
De acordo com a polícia, um mês antes da chacina, Zaqueu e Manoel assassinaram Dirceu de Souza Pereira, enteado de Jair Correia.
Ajuda de fora
Como Jair não teria armamento suficiente para atacar a chácara de Polaco, existe a possibilidade de que ele teria pedido auxílio a um narcotraficante paraguaio.
Jair Correia, de 52 anos, suspeito de ser o mandante e executor da maior chacina da história do Paraná foi preso na manhã de ontem em Rosana, na região do Pontal do Paranapanema, Extremo Oeste do estado de São Paulo. Ele chegou a Curitiba por volta das 15 horas e foi levado até o 1º Distrito Policial, escoltado por dezenas de veículos da polícia. Outros dois acusados de participar do massacre, que vitimou 15 pessoas, continuam foragidos. De acordo com a polícia, o crime teria sido uma vingança contra os assassinos do enteado de Jair, Dirceu de Souza Pereira.
Segundo o secretário de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, Correia foi detido logo após descer de um barco no qual navegou durante oito horas no Rio Paraná. "Foi um trabalho de inteligência e de paciência", define. "Nossos policiais sabiam que ele chegaria aí. Ficaram horas esperando." De acordo com a polícia, depois do crime, ocorrido na manhã do dia 22 de setembro, Correia teria se separado dos dois outros autores e rumado até Itaquiraí, em Mato Grosso do Sul. Lá, ele teria ficado escondido, dormindo no mato e no barco, ancorado às margens do Rio Paraná. "Ele conhece muito bem a região e o rio", conta o secretário. "É um homem criado no mato que soube se esconder."
Delazari não afirmou de onde teriam partido as informações que fizeram a polícia chegar até Correia, mas afirmou que equipes da polícia paranaense estavam prontas para atuar na capital paulista, para onde Correia rumava. "O destino final dele era São Paulo, onde estavam a mulher e um outro filho", afirma.
Paraguai
Segundo o secretário, a prisão demorou mais que o esperado. "Tínhanos informações quentes da polícia paraguaia no dia do crime", lembra. "(Mas) essas informações não se concretizaram." Inicialmente, a força-tarefa composta por mais de 200 policiais que se deslocaram até Guaíra trabalhava com a hipótese de que os assassinos teriam fugido para o Paraguai. "Não temos confirmação de que isso tenha ocorrido", afirma Delazari.
A polícia ainda procura outros dois suspeitos: Ademar Fernando Luiz e um terceiro homem que pode ser um outro filho de Correia, cujo nome é Gleisson. De acordo com o secretário, não está descartada a participação de uma quarta pessoa que pode ter garantido o armamento para o trio. "Vamos interrogar o Jair e vamos atrás dessas armas", afirma.
Negativa
Para a imprensa, Correia negou a autoria do crime. Disse que mora em Guaíra e que trabalha como pescador. "Fiquei sabendo pelo radinho de pilha", conta. Quando ouviu que era tido como suspeito, teria decidido fugir no sábado seguinte à chacina. "Até minha família fugiu", lembra. "Todo mundo queria matar eles lá. A casa está tudo abandonada, com tudo lá, foi colocado um cachorro no quintal e eu saí." Ele confirmou que pretendia ir para São Paulo e negou que tenha tido qualquer ajuda enquanto esteve em Mato Grosso do Sul.
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