A polícia do Rio Grande do Sul prendeu nesta terça-feira três suspeitos, entre eles dois policiais militares, do assassinato do coronel reformado do Exército Júlio Miguel Molinas Dias, de 78 anos. O coronel foi morto no dia 1º de novembro no Bairro Chácara das Pedras, na Zona Norte de Porto Alegre. A terceira presa é a namorada de um dos policiais. A polícia suspeita ainda da participação de uma quarta pessoa no crime, que teve o mandado de prisão decretado, mas não foi encontrada.
Segundo a polícia, o grupo foi à casa do militar roubar 23 armas que faziam parte do arsenal pessoal de Molinas. Os dois policiais vão cumprir prisão temporária de 30 dias. Eles já eram investigados pela Corregedoria Militar por suspeita de desvio de armas do quartel onde trabalham. Com os suspeitos, os policiais apreenderam armas, touca ninja e drogas, além de roupas que indicam participação em outros assaltos.
Em abril de 1981, Molinas comandava o Destacamento de Operações de Informações do 1º Exército (DOI-I), na Rua Barão de Mesquita, Tijuca, quando a explosão de uma bomba matou o sargento Guilherme Rosário e feriu gravemente o capitão Wilson Machado no estacionamento do Riocentro. Ambos eram lotados no DOI. Em 1999, ao rever a posição sobre o episódio, o Exército concluiu que o sargento e capitão eram os autores do atentado, cujo alvo seria um show no local em homenagem ao Dia do Trabalho.
Depois do assassinato do coronel, foi descoberto na casa dele um acervo da época da ditadura. Entre o material, havia documentos que contam em detalhes da explosão da bomba no Riocentro e outros que comprovavam a prisão do deputado federal Rubens Paiva, que desapareceu durante a ditadura militar.
No dia 27 de novembro, a filha do deputado, Maria Beatriz Paiva Keller, de 52 anos, recebeu os documentos que registram a entrada do pai no DOI-Codi no Rio, em 1971, e um termo de "cautela", datado de 4 de fevereiro do mesmo ano, descrevendo documentos apreendidos no veículo de Paiva.