Três pessoas foram presas na manhã desta quarta-feira (17) acusadas de desviar verbas do Hospital Nossa Senhora das Graças, em Almirante Tamandaré, na região metropolitana de Curitiba. Os acusados também seriam responsáveis pelo desvio de medicamentos da prefeitura.
Cláudio Camilo e Sueli Maria da Cruz, sócios da Camilo e Cruz Companhia Ltda., empresa que administra o hospital, e Sandro Miguel Mendes, assessor de Vilson Goinski (PMDB), prefeito da cidade, foram encaminhados ao presídio de Campo Magro, na região metropolitana. A juíza Inês Marchalek Zarpelon, da Vara Criminal de Almirante Tamandaré, suspendeu imediatamente o repasse de verbas ao hospital, que encontra-se fechado para atendimentos.
De acordo com as investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que duraram um ano, as irregularidades estariam no repasse de dinheiro da prefeitura de Almirante Tamandaré para o hospital. Em janeiro de 2007 data em que a Camilo e Cruz Ltda. comprou o hospital , a verba destinada era de R$ 100 mil mensais. Alguns meses depois, o valor subiu para R$ 140 mil. No último ano, o repasse estava em R$ 240 mil.
Leonir Batisti, coordenador do Gaeco, disse que o aumento do repasse ocorreu sem justificativas. As investigações indicaram dívidas do hospital. "O município não pode ser responsável por arcar com esse tipo de custo, pois paga pelo serviço ofertado pelo estabelecimento", explicou o coordenador.
Goinski alega que o aumento de dinheiro se deve ao aumento dos atendimentos prestados pelo hospital. "Temos todos os relatórios que comprovam o aumento da demanda. Chegamos, inclusive, a atender pessoas de municípios vizinhos", diz. No entanto, a prefeitura não informou à reportagem o número de atendimentos realizados por mês sob a alegação de que esses números foram apreendidos junto com os documentos e computadores levados pelo Gaeco.
Estima-se que entre 9 mil e 10 mil pessoas procurem os serviços do hospital a cada mês. Para Batisti, outro problema se configura pela falta de licitação no convênio firmado entre a prefeitura e o hospital. "Isso é irregular. Licitações são necessárias para mostrar a clareza desse tipo de relação", afirma.
O prefeito Goinski alega desconhecer irregularidades e afirma que, por ser o único hospital do município, não há a necessidade de se realizar licitação. O Gaeco informou que após a apreensão de documentos, auditorias vão ser realizadas. Batisti confirmou que novas ações não foram descartadas.
Sem atendimento
O fechamento do Hospital Nossa Senhora das Graças deixa uma lacuna na assistência de saúde do município de Almirante Tamandaré, cidade com mais de 93 mil habitantes, segundo o senso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2007. Goinski espera que a decisão judicial seja revista. "É impossível abrir um centro médico da noite para o dia. E isso é lamentável", diz o prefeito. "Investigação é uma coisa. Punir toda a população fechando o hospital é outra", completa.