Estatísticas auxiliam a polícia a monitorar as áreas onde ocorrem mais homicídios| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Habitação

Áreas de ocupação irregular são obstáculo para controlar a violência

Em 18 dos 75 bairros de Curitiba, as estatísticas de homicídios aumentaram. Apesar disso, parece haver uma estabilidade na maior parte deles. A situação mais preocupante é nos bairros Augusta (oeste da cidade) e Caximba (sul), que registraram altas consideráveis. No primeiro não havia ocorrido nenhum assassinato entra janeiro e setembro de 2012. Já são seis no mesmo período de deste ano. Na Caximba, houve um crescimento de 100%. De seis, no ano passado, saltou para 12. As duas localidades são exemplos de um dos principais obstáculos para a segurança pública na cidade: a ocupação irregular. Segundo o coordenador técnico da Coordenadoria Análise e Planejamento Estratégico (Cape), Rodrigo Perim de Lima, várias áreas na cidade ainda necessitam de urbanização. Segundo a Companhia de Habitação Popular de Curitiba, há três áreas irregulares no bairro Augusta, com mais de 200 domicílios. Na Caximba, existem cinco locais com mil habitações irregulares. A Cape informou que tem trabalhado com a prefeitura, via gabinete de gestão integrada, a fim de realizar transferências planejadas das pessoas estabelecidas em áreas de risco para outras localidades com estrutura adequada e organizada.

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O número de homicídios em Curitiba ainda não chegou a um nível aceitável, mas a tendência de queda já é realidade. Com 25 casos a cada grupo de 100 mil, a capital atingiu a menor taxa de homicídio dos últimos seis anos, graças à queda de 21% nas ocorrências entre janeiro e setembro deste ano em relação ao mesmo período de 2012.

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Foram 380 assassinatos em 2013 contra 479 no ano passado. A redução se materializou em 35 dos 75 bairros – o equivalente a 47% –, entre eles Cidade Industrial, Uberaba, Cajuru e Boqueirão, que sempre figuraram entre as regiões mais violentas de Curitiba.

INFOGRÁFICO: Mapa homicídios em Curitiba: onde cresceu e caiu

Não há consenso sobre os motivos que derrubaram as taxas de homicídios, mas duas ações da Secretaria de Segurança Pública parecem ter surtido efeito contra a violência. Uma delas é visível: a implantação das Unidades Paraná Seguro (UPS). A outra não.

O órgão estadual investiu no trabalho de inteligência, dando suporte à Coordenadoria de Análise e Planejamento Estratégico (Cape), responsável pelas estatísticas de criminalidade.

As informações coletadas sobre os crimes são levadas para dentro das Polícias Militar e Civil, que as aplicam em ações preventivas e investigações. O núcleo chega a identificar padrões de hora, local e data onde os crimes ocorrem. Essas análises acabam auxiliando delegados e policiais militares a resolver crimes e prevenir delitos.

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Como cerca de 70% dos homicídios estão ligados ao tráfico e o uso de drogas, já foi possível mapear que a maior parte desses crimes ocorre em pontos de venda. Com isso, os policiais permanecem nas proximidades dessas regiões.

"Isso faz a diferença. Não dá mais para ficar apenas na investigação antiga. Quando se fala em inteligência policial, é isso, e não apenas interceptação telefônica", diz o delegado Guilherme Rangel, da Divisão de Narcóticos.

Ele é um exemplo de como a ajuda da Cape faz a diferença no trabalho policial. Em 2011, ele prendeu em flagrante uma quadrilha de assaltantes em Curitiba, depois de analisar informações dos crimes cometidos por ela. A partir disso, conseguiu saber o período e o local em que a quadrilha agiria novamente.

"Política acertada"

Para o delegado da Polícia Federal e coordenador do Núcleo de Estudos de Segurança da Universidade Tuiuti do Paraná, Algacir Mikalovski, a política oficial para reduzir os homicídios é acertada. "Foram priorizadas as áreas de risco [com as UPS], onde há mais carência do Estado", comenta.

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Ele ressalta que o mapeamento do crime está começando a dar resultados mais concretos. "Os números ainda não são aceitáveis, mas partimos para uma melhora. Controlar dentro de níveis aceitáveis é possível", afirma.

Cape pretende se instalar em unidades da PM e delegacias

Mais de 400 policiais foram capacitados, nos últimos dois anos, para analisar e aplicar as informações da Coordenadoria de Análise e Planejamento Estratégico (Cape) no Paraná. Eles estão espalhados por batalhões e delegacias do estado. O objetivo da Cape é que cada batalhão da Polícia Militar e subdivisão da Polícia Civil conte com uma extensão da unidade de diagnóstico e pesquisa. Atualmente, a coordenadoria já está presente na PM.

"Criamos um sistema de gestão integrada", comenta o coordenador técnico da Cape, Rodrigo Perim de Lima. Ele explica que os diagnósticos, com horário, local e data dos homicídios, são informações que podem ser lidas on-line pelas polícias pelo software Bussiness Intelligence.

De acordo com o diretor da Cape, delegado Elcio Fuscolim, o trabalho desenvolvido tem colaborado muito com o sistema de metas. "Nós damos o diagnóstico. A PM e a PC fazem o planejamento operacional. Todos os gestores já têm consciência da importância", comenta. Lima lembra que muitos dos gestores até cobram as informações de suas áreas e os boletins com metas estabelecidas de quedas de homicídios. "Está havendo uma receptividade muito boa".

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