Redação premiada era sobre índios
Uma estranha coincidência marcou o fim da vida de Rachel. O corpo da menina, deixado em uma mala na Rodoferroviária, foi descoberto por uma família de índios que estava vivendo no local, um dia depois de desaparecimento da menina. Na segunda-feira, dia do desaparecimento, Rachel estava radiante por ter ficado em primeiro lugar em concurso de redação da Biblioteca Pública. O tema do texto: índios.
O texto premiado escrito por Raquel aborda o orgulho da descendência indígena. Na redação, Rachel afirma acreditar que a família dela começou em Paranaguá, com os tupis-guaranis. Com o passar do tempo, os ancestrais teriam se espalhado pelo mundo. Passando de geração em geração teriam chegado nela. A menina afirma esperar que as próximas gerações tenham orgulho dessa descendência. "Só sei que quero que os próximos parentes tenham o mesmo orgulho de ser índio", escreveu Rachel.
A Polícia Civil tem dois suspeitos da morte da menina Rachel Maria Lobo Genofre, de 9 anos, assassinada de forma brutal em Curitiba no início desta semana. Segundo informações do telejornal Paraná TV 2ª Edição, da RPCTV, os policiais acreditam que o crime tenha sido cometido por alguém que conhecia bem o trajeto feito pela menina entre o colégio e a sua casa. Até o fim da noite de ontem, ninguém foi preso pelo crime.
Rachel desapareceu depois do fim das aulas de segunda-feira do Instituto de Educação do Paraná. Ela costumava ir e voltar sozinha para o colégio, usando a linha de ônibus Dom Ático. Nesse dia, porém, sua ausência foi notada no ônibus. O corpo foi encontrado na noite de terça para quarta-feira na Rodoferroviária de Curitiba, dentro de uma mala, envolto em um lençol.
Hoje, alunos e professores do Instituto de Educação farão uma passeata em homenagem à aluna morta. O protesto, em nome da paz, servirá também para pedir justiça na resolução do caso e mais segurança. Os manifestantes se reunirão na frente do Instituto, às 10 horas, na Rua Emiliano Perneta, e seguirão pela Rua XV de Novembro até a agência dos Correios, na Praça Santos Andrade.
De acordo com a vice-diretora da escola, Marisa Peruzzo, os 1,5 mil alunos do turno da manhã serão dispensados das aulas após o intervalo. "Todos estão convidados para se juntar ao pedido de paz. Esperamos a participação de mais de mil pessoas", diz. Segundo Marisa, as aulas foram retomadas ontem, mas o clima na escola ainda é de luto. "Há muita comoção e revolta por parte dos alunos", afirma. "Foi uma barbárie".
Enterro
O sepultamento de Rachel ocorreu ontem, por volta de 10h30, no Cemitério Israelita, no Santa Cândida. O enterro aconteceu debaixo de chuva e foi acompanhado por dezenas de pessoas, entre familiares, amigos e colegas da escola. Alguns alunos do IEP carregavam cartazes em homenagem à menina. "Eu pegava ônibus no ponto ao lado do dela. Do pouco que eu conhecia, sabia que ela era uma menina bem feliz, que gostava de ler, estudar e que tinha o sonho de estudar na Federal", afirmou Júlia Scott, 12 anos, aluna do IEP.
Pouco antes do enterro, o pai de Rachel, Michael Genofre falou emocionado, com a imprensa, sobre a filha. "Ela era o meu tesouro. Todo mundo gostava dela", disse. "Mas, a partir de agora, ela está em uma situação melhor. Fazemos voto que a justiça seja feita". Durante a entrevista, Genofre evitou falar sobre a investigação do caso. "Está sob segredo", disse. O pai de Rachel fez um apelo apenas para que quem tiver alguma informação que entre em contato com a polícia. Ele pediu, entretanto, que evitem trotes.
Culpa
Durante a entrevista, Genofre aconselhou aos pais que orientem seus filhos sobre qualquer movimentação estranha perto dos colégios. "Conversem com seus filhos sempre para saber onde eles estão, o que eles estão fazendo". O pai de Rachel ressaltou que a família tinha cuidado com a segurança da menina. "Isso podia ter acontecido com qualquer pessoa, de qualquer idade. A distância que ela percorria era pequena, cerca de duas quadras", explicou. "Ela só acessava o Orkut quando estava comigo ou com a mãe dela".
Genofre afirmou também que acredita que o fato de que Rachel era extrovertida não contribuiu para que o crime ocorresse. "Ela era desconfiada e só dava confiança depois de ser apresentada", afirma. Perguntado se a família sentia algum tipo de culpa, respondeu dubiamente. "Culpa? Quem é que não vai ter. Não tem culpa porque confiei até o último segundo na minha filha". Genofre agradeceu as demonstrações de carinho e pediu a todos que orassem por Rachel e pela solução do caso.
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora