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Investigação

Polícia vai ouvir funcionários que atenderam paciente vítima de erro em hospital

Todos os profissionais de saúde do Hospital Evangélico de Curitiba que tiveram contato com o paciente João Carlos Siqueira Rodrigues nas 48 horas anteriores à morte dele vão ser ouvidos pela Polícia Civil. O paciente estava internado havia quatro anos no Evangélico, mas morreu no fim de agosto. Uma sindicância realizada pelo hospital apontou que Rodrigues foi vítima de um erro de um funcionário.

"Solicitamos ao hospital a relação dos profissionais que prestaram atendimento à vítima nas 48 horas que antecederam o óbito. As ‘pessoas-chaves’ [o funcionário que teria cometido o erro e os superiores dele] serão ouvidas por último", disse a delegada Paula Brisola, que integra o Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde (Nucrisa) e preside o inquérito.

Antes de iniciar a tomada de depoimentos dos funcionários, no entanto, a delegada requisitou ao Evangélico toda a documentação – sobretudo prontuários médicos - referente aos quatro anos em que o paciente permaneceu internado no hospital. Em seguida, o material será encaminhado à Promotoria da Saúde Pública, onde um médico vai emitir um parecer.

"Esse médico terá condições de, com base nos documentos, dizer se a conduta do profissional foi adequada, se ele tinha conhecimento técnico, enfim, que tipo de erro ocorreu. A partir deste parecer técnico é que eu vou emitir meu juízo de valor sobre o caso", afirmou Paula.

O prazo para a conclusão do inquérito é de 30 dias, que podem ser prorrogados. A delegada reconhece que será preciso um período bem maior para encerrar o caso. "É um procedimento complexo, porque envolve um volume grande de documentos e parecer técnico. Estamos trabalhando para que seja concluído o mais breve possível", disse.

Investigação

Em nota encaminhada na semana passada, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) afirmou que, em tese, o funcionário do hospital deve responder por homicídio culposo (em que não há intenção de matar). De acordo com o boletim do MP-PR, o auxiliar de enfermagem teria desligado um aparelho que mantinha João Carlos Siqueira Rodrigues vivo.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o Hospital Evangélico informou que só vai se pronunciar quando o inquérito policial foi concluído.

O caso

Rodrigues ficou conhecido por produzir um livro, mesmo sem sair do leito do hospital. Ele morreu em 28 de agosto, depois de ter permanecido quatro anos internado no Evangélico, por conta de uma doença neuromuscular degenerativa, a polirradiculoneuropatia. Por causa disso, ele perdeu o movimento dos músculos e passou a respirar com a ajuda de aparelhos. Apesar da doença, o paciente se mantinha lúcido e chegou a produzir um livro, ditando as sentenças a uma pessoa que as transcrevia. A obra - "Caçador de Lembranças" – foi publicada em 2011. Ainda enquanto esteve internado, Rodrigues ficou noivo e se casou.

A mãe de João Carlos, a dona de casa Elza Siqueira Rodrigues, de 68 anos, morreu no dia 28 de agosto após saber do falecimento do filho. Elza teria problemas cardíacos e ficou muito nervosa quando foi comunicada por telefone sobre o falecimento de João. Ela morreu vítima de infarto agudo, segundo o hospital.

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