O médico Raphael Suss Marques foi preso na manhã desta sexta-feira (15) em casa por policiais da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ele foi indiciado pela morte da namorada, a fisiculturista Renata Muggiati, ocorrida no dia 12 setembro de 2015. Além da prisão, que é preventiva (ou seja, não tem data para expirar), os policiais cumpriram mandado de busca e apreensão na residência e na clínica do médico para, de acordo com a polícia, “arrecadar outros elementos que faltavam”. Segundo Edson Vieira Abdala, advogado do médico, foram apreendidos celulares e computadores do acusado.
A delegada Ana Cláudia Machado, da Delegacia da Mulher, não revelou o motivo da prisão de Raphael. Em entrevista coletiva, ela justificou a ausência de respostas à imprensa porque o caso corre em segredo de Justiça. Contudo, a delegada falou que o pedido de prisão do médico faz parte de algumas medidas cautelares que foram solicitadas com o fim do inquérito, ou seja, ainda em dezembro.
Ministério Público já ofereceu denúncia
De acordo com informações fornecidas pelo Ministério Público (MP) nesta sexta-feira (15), a instituição ofereceu denúncia contra Raphael Suss Marques na última terça-feira (12), em razão do surgimento de um fato novo envolvendo o caso.
Segundo a assessoria de imprensa do órgão, a prisão de Marques nesta manhã foi embasada justamente por este fato, que ainda não pode ser divulgado porque o processo corre em segredo de Justiça. A quebra do sigilo, porém, já foi solicitada pelo promotor Ricardo Marcondes, que cuida do caso enquanto a promotora Karla Violato está de férias.
Ainda, o MP afirmou que o crime pode vir a ser enquadrado como feminicídio.
Questionada sobre a palavra final da polícia sobre a participação do médico na morte de Renata, Ana Cláudia afirmou que o inquérito foi conclusivo. “Realmente, para nós ficou comprovado o que as suspeitas já apontavam”, disse.
O inquérito policial foi encerrado no mês passado e concluiu que Renata foi morta pelo namorado e depois jogada do 31.º andar do prédio que o casal morava, no Centro de Curitiba. O médico foi indiciado pelo crime de homicídio qualificado – em caso de condenação a pena pode chegar a 30 anos.
Exame no IML
Suss chegou por volta das 9h30 ao Instituto Médico Legal (IML), acompanhado por um policial, e entrou para fazer o exame de corpo delito sem falar com a imprensa. Cerca de dez minutos depois, deixou o local. Ele ficará preso no Complexo Médico Penal do Paraná (CMP), em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC).
Na saída do IML, o advogado do médico, Edson Vieira Abdala, falou que ainda não sabe o motivo da prisão. Suss foi detido por volta das 6h30 desta sexta no apartamento dele, em Curitiba.
“A prisão pegou a todos de surpresa. O inquérito estava estável, na Vara do Tribunal de Justiça. Não há nenhum fato novo que possa exigir prisão preventiva. Raphael colaborou em todos os momentos”, disse o advogado.
Zeila Plath da Silva, advogada que representa a família da fisculturista, disse que os parentes de Renata se sentiram “aliviados” com a prisão. “Agora é aguardar para ver se o Ministério Público vai ou não oferecer denúncia. Esperamos que sim”.
O caso
Renata morreu no dia 12 de setembro do ano passado. Ela caiu da janela do apartamento onde morava no Centro de Curitiba. Na época, segundo a Polícia Civil, havia relatos que o relacionamento dos dois era conturbado. Suss chegou a ser preso por determinação da 1ª Vara do Tribunal do Júri após um exame complementar apontar alguns indícios de asfixia, como petéqueas no pulmão. O problema é que o laudo do exame de necropsia, feito pelo Instituto Médico Legal (IML), excluiu a possibilidade de homicídio ao afirmar que não houve asfixia. Em seguida, Suss foi solto pela Justiça.
O caso teve uma reviravolta em novembro, quando o exame de exumação, realizado a pedido da polícia por uma junta de profissionais do instituto, contrariou a necropsia, colocando dúvida sobre o primeiro exame feito por um médico-legista IML. O instituto chegou a abrir uma apuração para investigar a conduta do médico que conduziu o primeiro exame de necropsia.
Em dezembro, a investigação feita pela Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa da Polícia Civil sobre a foi entregue ao Ministério Público do Paraná (MP). A polícia manteve a acusação de homicídio qualificado contra o médico Raphael Suss, que era namorado de Renata.
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