Em assembleia na Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico, policiais civis do estado aprovaram, na tarde desta sexta-feira (14), uma paralisação por tempo indeterminado, a princípio, a partir do dia 25 de março. O objetivo da reunião foi mostrar ao governo do estado que, caso não cumpra com o prometido, os policiais deverão responder com greve e operações padrão em todas as regiões do estado e com um acampamento em frente ao Palácio Iguaçu.
O governo se comprometeu, de acordo com os policiais, em entregar no dia 24 de março um estudo de como será pago o "quinquênio" aumento de 5% sobre o subsídio pago a cada cinco anos. Esse valor não está sendo pago desde ano passado, segundo reclamação dos policiais.
A proposta da classe, aprovada nesta sexta (14), é que todos aqueles policiais que estejam em progressão de carreira até o nível cinco em cada classe (a carreira de policial civil é dividida por classes e dentro de cada uma delas ainda há níveis de progressão entre um e onze) receba de forma imediata até dia 8 de abril - data que marca o começo do período eleitoral, o que proíbe qualquer aumento salarial.
"Acredito que seja a posição mais consciente porque o governo sinalizou de forma positiva. Se não acontecer, acontecerão as manifestações", explica o presidente do Sindicato das Classes Policiais Civis do Paraná (Sinclapol), André Gutierrez. Uma das propostas votadas nesta sexta foi um indicativo de greve imediato, sugestão não aprovada durante a assembleia.
Entre outras reclamações e demandas da classe estão o fim superlotação carcerária nas delegacias do interior do estado e o pagamento das promoções (mudanças de classe) aprovadas em 2013, mas ainda paradas no papel pela falta de recursos do governo do estado. Se for resolvida essa série de promoções paradas seriam em torno de 800 policiais outros 500 remanescentes do último concurso para investigador, escrivão, seriam incorporados a instituição.
Inferno nas delegacias
Vários policiais civis lotados no interior descreveram as delegacias de suas regiões como "infernos", durante a assembleia, na Praça Nossa Senhora de Salete. O motivo é a superlotação carcerária nessas cidades. Um deles contou que a delegacia de Imbituva, na região dos Campos Gerais, tem 43 presos, vinte deles condenados, em uma carceragem com espaço para oito detidos. "Mais da metade deles está com sarna ainda e somente um investigador cuida deles, faz atendimento a população e, supostamente, teria de investigar os crimes", afirma.
De acordo com outro policial, presente na assembleia, nos Campos Gerais é comum cumprir uma carga de trabalho de 24 horas por 48 horas de descanso ou até 24h por 24h. "O normal seria 72 de descanso, mas já cheguei a fazer 24 por 24. E o pior é que o policial que me rendia e começava o outro plantão não tinha nem passado pela escola da polícia", conta.
Promoções atrasadas
Em nota divulgada pela Agência de Notícias do Estado, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) anunciou que vai pagar, a partir da folha salarial deste mês, as promoções de delegados de polícia, papiloscopistas e agentes de operações. Segundo o presidente do Sinclapol, André Gutierrez, essas promoções, aprovadas em fevereiro do ano passado pelo governador Beto Richa, deveriam ter ocorrido em 2012 e estão apenas sendo pagas neste mês. Gutierrez ainda disse que há cerca de 800 policiais esperando promoção.
De acordo com nota da Sesp, a pasta está comprometida em agilizar as promoções atrasadas. Segundo o texto, elas estão em fase final de avaliação e passarão por um cálculo de custo ainda.
Carceragens vazias
A Sesp ainda explicou que o governo do estado tem trabalhado de forma intensa para acabar com a superlotação carcerária. Segundo explica a pasta, ações conjuntas entre Sesp e a Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania (Seju) tem contribuído para melhorar a transferência dos presos dos distritos para o sistema penitenciário."Foi a partir desse diálogo e do mapeamento da situação total do Estado, por exemplo, que todos os presos que estavam em distritos policiais de Curitiba foram retirados, neste mês de março", afirma o texto. A nota ressalta ainda que as transferências devem ser expandidas para restante do estado com a média de retirada de 80 presos por semana dos distritos.
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