Policiais Civis aderem ao movimento e usam Orkut para divulgar manifestação
Policiais civis de Curitiba que vão participar da manifestação estão se mobilizando por meio da internet. Além de e-mails trocados entre eles, os policiais estão incentivando o protesto via Orkut (site de relacionamento da internet). Nas comunidades da Polícia Civil do Paraná é possível ver relatos de indignação dos policiais e a adesão ao movimento proposto pelo Sindicado dos Policiais de Londrina (Sindpol).
Num dos tópicos de uma das comunidades, um delegado da região metropolitana afirma: "Policiais estão envelhecidos, cansados, doentes, desmotivados e ganhando muito mal. Precisamos que os governos (todos) e políticos e sociedade se preocupem, não com os policiais, mas com a segurança." Em outra página, um membro da comunidade divulga a data e o local da manifestação.
A reportagem conversou com dezenas de policiais civis e constatou que todos, com quem teve contato, vão tentar participar do protesto se não estiverem em horário de trabalho. Com medo de sofrer represálias, nenhum policial quis ser identificado.
"Temos que cobrar os nossos direitos. Não temos salários dignos e não temos pessoal suficiente para trabalhar", conta um investigador. "Está mais do que na hora de o governador tomar uma atitude. Veja bem, não podemos ficar na penumbra que estamos vivendo. Chega de descaso", ressalta outro policial.
Policiais Civis do Paraná devem se reunir em frente ao Palácio do Governo, em Curitiba, para demonstrar o inconformismo da classe em relação às más condições de trabalho, ausência de Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS) e aposentadoria. A manifestação está marcada para terça-feira (18), às 13 horas. De acordo com o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Londrina (Sindpol), Ademilson Alves Batista, o objetivo da categoria é tentar sensibilizar as autoridades e a população "diante a inércia e desfaçatez do governo estadual em solucionar as questões envolvendo a aposentadoria especial e o PCCS".
O sindicato vai fazer uma reunião na Assembléia Legislativa para organizar protestos com passeatas diante dos principais órgãos do governo do estado. "Vamos reivindicar que o PCCS e as aposentadorias especiais saiam do papel. O governador assinou o decreto para realização da modernização da Polícia Civil há três e até agora nada foi feito". O decreto que versa sobre a reestruturação da categoria foi publicado no Diário Oficial, em 24 de Novembro de 2005.
O presidente do sindicato de Londrina explicou ainda que a não aplicação das medidas decretadas, em 2005, põe em risco a segurança da população. "A polícia está envelhecida. Os policiais estão sem condições de trabalho, estressados e com acúmulo de trabalho. A Secretaria da Segurança (Sesp) convocou 500 policiais aposentados e os colocou na ativa. Muitos estão sem condições de trabalhar, pondo em risco a população e a segurança deles próprios, que podem morrer em serviço numa situação de risco", lembra.
De acordo com Batista, a falta de efetivo policial é outro problema. Segundo ele, cerca de 3.500 policiais estariam trabalhando hoje no estado, mas seria necessário o triplo do contingente. "Não tem gente para investigar as mortes. Queremos que seja apressada a contratação da nova turma aprovada no concurso público do ano passado. Seriam mais 520 funcionários, entre investigadores, papiloscopistas e delegados."
Para Batista, a demora para efetivar o decreto provém da falta de vontade política do estado. "Acabou a nossa paciência. Ou eles retiram o decreto do papel ou a gente vai tomar uma medida mais radical", alerta. "A manifestação vai ser nosso último recurso. Não queremos promover uma greve, mas caso não tenhamos uma resposta vai ser a única alternativa."
A Secretaria de Segurança Pública do Estado (Sesp) foi procurada pela reportagem, mas ninguém do órgão se manifestou sobre o protesto dos policiais civis.
Outras manifestações
Policiais Civis das regiões de Londrina, Maringá, Cascavel e Toledotambém protestaram no início do mês para pedir a regulamentação da aposentadoria, PCCS e aumento do número de policiais. Em Maringá, Noroeste do estado, os policiais se concentraram em frente às delegacias, com faixas de protesto. Em Londrina, no Norte, foi feita uma passeata, entre a sede da 9ª. Subdivisão Policial, no Centro da cidade, e o Calçadão.
Já em Cascavel, no Oeste, uma caminhada saiu da 15ª. Subdivisão da Polícia Civil, no Centro da cidade, seguindo até a Catedral Nossa Senhora Aparecida. Em Toledo, também no Oeste, policiais se concentraram em frente à 20ª. Subdivisão, com várias faixas.
Sindicatos divergem nas opiniões
O Sindicato das Classes Policiais Civis Do Estado do Paraná (Sinclapol) repudia a atitude do Sindicato dos Policiais Civis de Londrina (Sindpol). De acordo com o presidente da Sinclapol, Paulo Martins, a entidade não vai participar da manifestação. Ele garante que o governo tem atendido as reivindicações da classe e não há possibilidade de apoio ao protesto. "Estamos dialogando com o governador que está comprometido as causas. Não tem cabimento fazer um protesto no meio de uma negociação", afirma.
Segundo Martins, o Sinclapol é único sindicato legítimo do estado que tem poder de negociação com o governo do estado. "A redação final do anteprojeto de Lei da Modernização e Reestruturação da Polícia Civil, onde estão incluídos o Plano de Cargos, Carreiras e Salários e o novo Estatuto já está na fase final", diz. "Ainda este mês deve ser aprovado", lembra.
O presidente do Sindpol, Ademilson Alves Batista, rebateu dizendo que o sindicato de Londrina é o mais antigo do Paraná e que está lutando pelos interesses dos policiais civis. "Todas as mobilizações feitas em todo o estado são organizadas pela nossa entidade."
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