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Rio de Janeiro

Policiais compositores unem lazer e profissão e fazem o Samba da UPP

Di Bamba e Luiz Pião seria só mais uma dupla de sambistas se, quando não estivessem no samba, tivessem um trabalho ‘normal’. Com mais de 25 anos de Polícia Militar, o sargento Luiz Cruz e Luiz César Santana conciliam as quadras de escolas de samba Rio de Janeiro afora com o dia a dia no 19º Batalhão, em Copacabana, na Zona Sul.

Com sambas do Salgueiro e Caprichosos de Pilares no currículo, os compositores agora juntaram a fome com a vontade de comer e escreveram o Samba da UPP, sobre a relação da polícia com a comunidade nas Unidades de Polícia Pacificadora da cidade.

"Eu tenho 26 anos de polícia, mas comecei no samba, aos 9, vendendo cuscuz na porta da quadra, lá em Rocha Miranda", conta Luiz Cardoso Cruz, de 48 anos, o Luis Pião, que já assinou sambas-enredo das escolas de samba Vila Santa Teresa, Villa Rica (2004 e 2006), Caprichosos de Pilares (2001) e Salgueiro (2007 e 2008), onde, no próximo dia 11 disputa mais uma final, desta vez para o carnaval 2011. "A polícia nos dá o sustento, mas o samba dá um 13º bom", brinca ele.

Parceiro de profissão, Luiz César, o Di Bamba, de 44 anos, virou também parceiro de samba. É ele quem dá a voz às letras. "Já não queria muito mais me envolver com o samba, mas aí sempre vinha o Cruz e me convencia a cantar", admite ele, que, este ano, disputa dia 20, a final do samba da Renascer de Jacarepaguá.

Polícia x samba

A conciliação de horários e paixões foi mais fácil do que se imagina. Os dois têm hoje funções em que cumprem expediente com horário para entrada e saída no batalhão, o que lhes permite cair no samba à noite. Mas nem sempre foi assim. "Antigamente havia um preconceito do samba com a polícia e da polícia com o samba. Já teve ano em que eu desfilei escondido, com medo de represália no trabalho", lembra Pião.

Segundo ele, o sucesso das UPPs está no preconceito que moradores de favelas e policiais são vítimas na sociedade. "Nós somos muito discriminados, assim como o povo da comunidade. Nós só apanhamos, poucos vêem que a dificuldades da polícia é sobreviver sem afetar a população. Nas ruas temos apenas alguns segundos para definir a sua vida e as dos outros", continua o sargento.

Tenente Júlia é musa do Samba da UPPCom a inspiração, saiu o samba que, segundo ele, tem algumas brechas para acrescentar nomes de comunidades que devem ganhar UPPs até o carnaval. A letra fala de armas e amor. A musa será a tenente Júlia Liers, que ano passado foi rainha de bateria da Porto da Pedra.

A gravação do samba, com direito a videoclipe com mais de 24 mil acessos no Youtube, foi na sede da Unidos de Villa Rica, no pacificado Morro dos Cabritos, em Copacabana. "Começamos a brincar e a música foi ficando gostosa", fala Di Bamba. "Falar de amor numa música que fala também de polícia é maravilhoso", completa ele.

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