Cerca de 400 policiais militares, com o apoio das polícias Rodoviária Federal, Civil e do Corpo de Bombeiros, executaram ontem uma ordem de reintegração de posse de parte da Fazenda Bom Sucesso, em Cascavel. Cerca de 100 famílias do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST) estavam no local.
Ainda pela manhã, o tenente-coronel Eudes da Cruz, comandante do 6.º Batalhão, informou que a desocupação estava sendo conduzida de forma tranquila. "O clima está sendo o mais pacífico possível, eles só reclamaram de terem de retirar seus pertences", disse. Segundo a PM, havia 50 barracos no terreno, mas o MLST diz que eram 100.
O proprietário da fazenda, Orlando Gomes, contratou seguranças particulares para auxiliar na desocupação, mas por volta das 10h30 a PM ordenou que eles se retirassem do local. Os sem-terra disseram que os seguranças estavam afrontando os acampados com palavras e havia risco de confronto. Alguns funcionários da fazenda usaram tratores para derrubar os barracos, mas foram repreendidos pela PM.
A tensão promete aumentar nos próximos dias. O acampado Mauro Ferreira, uma espécie de porta-voz do MLST, disse que agora os sem-terra pretendem ocupar toda a fazenda.
Segundo o comandante do 6.º BPM, a polícia deve ficar no local pelos próximos três dias para garantir segurança. A fazenda foi ocupada em 2005 e no mesmo ano teve um mandado de reintegração expedido pela Justiça. Em 2012, os sem-terra deixaram a área e acamparam às margens da rodovia, próximo da fazenda, mas retornaram no início deste ano e estavam cultivando em aproximadamente 100 hectares.
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) confirmou que a área é produtiva e que a única forma para destinar o espaço à reforma agrária seria por meio de uma oferta de venda por parte do proprietário, o que não ocorreu. O órgão federal diz ter 80 mil hectares em todo o Paraná em diversos estágios de aquisição. Quando as negociações forem concretizadas, será possível assentar 4 mil famílias.
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