Vítimas fizeram exame no IML para comprovar agressões| Foto: Marcelo Andrade/ Gazeta do Povo

Investigação

Coordenador do Gaeco diz que caso será apurado

O procurador de Justiça e coordenador do Gaeco no Paraná, Leonir Batisti, afirmou que a investigação vai descobrir se houve a agressão e quem são os policiais envolvidos. "Nós estamos levantando quem foi à chácara, quem esteve com o menor e quem ficou com eles aqui no Gaeco. O adolescente, que disse ter sido agredido, não identificou quem pode ter sido [o autor], mas nós vamos identificar." A assessoria de imprensa da Polícia Militar foi procurada pela reportagem, mas ninguém foi localizado. Na opinião da vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR, Isabel Kugler Mendes, casos como esse não podem passar despercebidos das autoridades. "Essas agressões estão se tornando rotineiras. Não importa aqui o que a vítima deve ou não à Justiça, mas a forma como foi tratada".

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O Ministério Público (MP) abriu investigação ontem para apurar uma denúncia de tortura supostamente cometida por policiais do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Paraná e de Santa Catarina, e do Comando de Operações Especiais (COE), grupo de elite da PM do Paraná.

Dois homens e um adolescente alegam ter sido agredidos na manhã de quarta-feira ao serem presos em uma chácara em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba. As agressões teriam continuado na sede do Gaeco, na capital. O nome das vítimas não foi divulgado a pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção Paraná, que recebeu a denúncia. "Eles me bateram com uma ripa na barriga e ficavam me espancando na cabeça", conta R.V., de 27 anos, que é natural de Blumenau (SC).

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Abordagem

Uma equipe policial do Gaeco catarinense tinha solicitado auxílio da instituição paranaense, ligada ao MP, para cumprir um mandado de prisão temporária contra R.V. Nove pessoas estavam na chácara no momento da abordagem: além dos três detidos, outras seis pessoas, entre elas uma criança, teriam presenciado as cenas de tortura.

Segundo R.V., eles perceberam uma movimentação estranha do lado de fora e o menor de idade pegou uma arma. A outra vítima, J.S., 26 anos, alega que foi forçada a dizer que era a responsável pela arma. "Eles ameaçavam bater na minha esposa e na minha mãe se eu não assumisse". J.S. alega que a arma não lhe pertence, e sim ao adolescente, e que eles mantêm essa arma na propriedade rural para se defender.

Eles ainda contam que foram torturados na sede do Gaeco, onde ficaram presos em um banheiro, sem água e comida. A situação se prolongou até as 17 horas de quarta-feira, quando foram transferidos para o Centro de Triagem II, em Piraquara. O adolescente foi devolvido para a família.

No mês passado, outro caso de tortura policial chocou Curitiba. Um servente de pedreiro foi confundido com um ladrão no Uberaba e espancado por cinco policiais. O caso está sob investigação.

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