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Produção do filme escolheu cinco PMs do Paraná para fazer figuração. Na foto, aparecem quatro deles | Divulgação
Produção do filme escolheu cinco PMs do Paraná para fazer figuração. Na foto, aparecem quatro deles| Foto: Divulgação

Espectadores

Comunidade elogia o filme

Folhapress

"É a vida aqui.’’ Os moradores de Campo Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro, uma das regiões mais afetadas pela atuação das milícias, elogiaram o filme Tropa de Elite 2 e afirmaram que ele não exagera ao retratar a realidade da região.

No feriadão, o público nas três salas de cinema do bairro foi de 12,5 mil pessoas, praticamente lotação esgotada. Embora a maioria seja de classe média, população menos prejudicada pela milícia do que os moradores de favelas, muitos reconhecem no filme os problemas que afetam o bairro.

A reportagem ouviu espectadores na saída de duas sessões na última segunda-feira. Para o técnico da Petrobras Nilson Saraiva, 32 anos, é uma reprodução fiel à realidade. "A milícia controla as vans, a venda de gás e a segurança", diz.

A professora de história Mara Matos, 45 anos, concorda. "Eu adorei o filme porque ele mostra muito bem o envolvimento dos políticos com todo esse esquema", diz.

Em Tropa 2, policiais corruptos assumem o controle de regiões antes dominadas pelo tráfico e exploram serviços de transporte e segurança. Essas facções são comandadas por deputados da Assembleia Legislativa do Rio.

Na vida real, o deputado estadual Natalino Guimarães (DEM) foi preso em 2008 por suspeita de comandar a milícia. Um ano antes, aconteceu com o seu irmão, o vereador Jerominho Guimarães (PMDB).

Nem tudo é verdade, mas quase tudo. Quem assistiu à película de José Padilha e Wagner Moura, que estreou na última sexta-feira nos cinemas, sabe que o realismo é a tônica do filme que dá sequência ao primeiro Tropa de Elite. Para alcançar isso, além de submeter os atores a um intenso treinamento militar, a produção resolveu recrutar policiais de verdade. E entre os profissionais da vida real que fizeram parte, na telona, do pelotão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) do Rio de Janeiro, estão cinco paranaenses. O tenente Gildo Cézar dos Santos Lima, os cabos Anderson José Vaz e Claudio Roberto Pereira Ramos e os soldados Aurélio e Erlon Franck Krum são figurantes no filme de ação.

Os cinco fazem parte de um grupo de 80 policiais militares, selecionados num universo de 500 inscritos, vindos de todas as corporações militares do país e alguns de outros países como Portugal e Uruguai. A seleção ocorreu por meio do Centro Avançado em Técnicas de Imobilizações (Cati), uma escola de treinamento brasileira, localizada no Espírito Santo, que fez parceria com a produtora do filme, a Globo Filmes. Para participar, os policiais deveriam ter curso de Operações Especiais em seus currículos, atuarem ou terem atuado em grupos especiais ou de elites em suas corporações.

Antes do início das gravações, os policiais militares escolhidos ficaram três dias no Rio de Janeiro passando por treinamentos específicos de progressão em favelas, corridas, abordagens e outras ações específicas dos grupos táticos. Em seguida, tiveram contato com os atores e receberam orientações de como se comportar diante das câmeras.

As gravações aconteceram nos primeiros três meses deste ano na sede do Bope, no bairro Laranjeiras, Zona Sul do Rio de Janeiro, e no morro Dona Marta. Entre idas e vindas ao Rio de Janeiro, o tenente Lima calcula que foram 15 dias de gravações não consecutivos. Sempre, de acordo com ele, em dias de folga. "Eu ia em dias de folga para lá. Trocava serviço [dia de plantão], fazia o que podia para estar lá", conta.

De acordo com ele, mesmo sem receber cachê pela participação no filme, o esforço compensou. "É interessante que as pessoas assistam ao filme com visão crítica. Ele mostra um mundo que para nós é nosso dia a dia. Nas gravações, dava até uma dor no peito, pois retrata o que passa com um policial que está na rua", afirma. "Para bom entendedor, meia palavra basta", complementa.

Durante as gravações, os policiais paranaenses conviveram intensamente com Dudu Nobre (cantor), que também fez papel de policial, e André Ramiro (ator), que fez o papel do capitão Matias. "Nós não tivemos tanto contato com o Wagner Moura [ator que faz papel do Capitão Nascimento] porque o personagem dele não estava tão envolvido no comando da tropa", conta o tenente Lima. O convívio foi tão intenso que, para dar maior veracidade às cenas, o ator André Ramiro ficou por três dias comandando a tropa como se fosse mesmo o comandante coronel. Com a troca entre policiais e atores, o resultado foi mais realidade nas cenas.

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