O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) descobriu que policiais civis usavam a estrutura de delegacias para ajudar criminosos e até para resolver problemas pessoais.
A investigação pretendia flagrar um esquema de jogos ilegais na região metropolitana de Porto Alegre, mas o que mais surpreendeu a promotoria nas escutas telefônicas foi a audácia dos policiais. "Tinha um policial que era viciado em cocaína que recebia a droga e fornecia informações privilegiadas ao fornecedor", diz o promotor de justiça Eduardo Viegas.
O informante era o inspetor Wilson Brasil Júnior, que numa conversa negocia os dados com um despachante.
Segundo a denúncia, Wilson entrava no sistema da Secretaria de Segurança do Estado e acessava informações confidenciais. No computador são armazenados dados sigilosos de todos os gaúchos.
O ex-chefe de investigação de uma delegacia também aparece nos diálogos interceptados pelo MP. Luis Eduardo Moreira teria usado o sistema da polícia para alertar uma mulher sobre um mandado de prisão.
Luis Eduardo também é suspeito de usar a estrutura da polícia para resgatar o animal de estimação da mulher dele, que havia desaparecido.
De acordo com o promotor, ele teria desviado um carro para verificar se o cão estava na casa de um traficante. O criminoso não foi preso, mas a cadela "Docinho" voltou para casa.
O secretário de Segurança do Rio Grande do Sul, Airton Michels, lamentou a atitude dos policiais. "Os ilícitos foram detectados e o estado, através da própria polícia, reagiu prontamente a estas ações ilícitas dos agentes", diz.
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