A segunda testemunha a depor no julgamento do Massacre do Carandiru, o ex-detento Marco Antônio de Moura, afirmou que policiais atiravam em direção à cadeia de dentro de um helicóptero.

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"Tinha um helicóptero com uma metralhadora atirando", afirmou ele. "Tinha presos que estavam no telhado, tentando fugir. Todos foram atingidos por essas balas e morreram".

Moura, que estava no quarto andar do Pavilhão 9 no dia do Massacre, afirmou que no momento que a polícia entrou na prisão, os presos tentaram correr para as celas. "Na minha cela, entraram uns 30. Fechamos a porta. Um policial chegou, colocou o cano da metralhadora [pela janela que fica na porta] e atirou. Uns dez foram atingidos, oito morreram". Ele foi atingido por um tiro no pé direito e ficou um mês internado num hospital que existia no Pavilhão 9 do Carandiru.

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Depois que os disparos pararam, conta ele, os policiais mandaram todos tirarem a roupa e se arrastarem nus pelos corredores. "A gente ia se arrastando, e eles dando bica, pontapé." No momento em que os presos eram levados para o pátio, os presos ouviam dos policiais "Deus cria, a Rota mata", conta. E eram obrigados a gritar "Viva o Choque". Muitos suplicavam "pelo amor de Deus", afirmou. Ele contou ainda que muitos presos foram obrigados a carregar os corpos dos mortos. "Tive um amigo que estava com um furo no pé, pisou no sangue e pegou HIV. Morreu por causa da doença há uns cinco anos".

O próximo a ser ouvido deve ser o também ex-preso Luiz Alexandre de Freitas. Mais cedo, foi ouvido outro ex-presidiário, Antônio Carlos Dias, que disse acreditar que o número de mortos no massacre foi ao menos o dobro dos 111 divulgados oficialmente.

Jurados Os sete jurados que vão decidir o futuro dos PMs foram escolhidos no início da manhã. São seis homens e apenas uma mulher. Dos 26 réus, 24 estão presentes no julgamento. Na semana passada, quando o julgamento foi adiado, também faltaram dois.

Segundo o Datafolha, apenas 10% das pessoas acreditam que os policiais serão condenados e presos. Os dados são de uma pesquisa feita entre 4 e 5 de abril, com 1.072 entrevistados com mais de 16 anos. A margem de erro é de três pontos.

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